Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 03 E 04/06/21

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Cirurgias eletivas seguem suspensas provocando angústia e preocupação na população

Goiás registra 1.755 casos e 56 mortes de Covid-19 em um dia, diz governo

CFM vê ‘excessos’ contra médicos na CPI da Covid; senadores negam e apontam ‘corporativismo’

Médicos repudiam críticas do presidente do CFM à CPI da COVID-19

Grupo de médicos brasileiros assina manifesto contra o Conselho Federal de Medicina

Após prometer vacina, presidente insiste em remédio sem eficácia

Fiocruz prevê 50 milhões de doses de vacinas contra covid-19 com insumo nacional

Taxa de cobertura vacina no Brasil despenca e abre brecha para surtos

Internada com diabetes, menina ganha boneca com cateter nasal igual ao que usa

Anvisa analisa, na tarde de hoje, pedidos de liberação das vacinas Sputnik V e Covaxin

Empresa de táxi aéreo goiana tem rotina retratada no Profissão Repórter

Covid-19: Óbitos em UTIs públicas são maiores do que em UTIs privadas

TV ANHANGUERA

Cirurgias eletivas seguem suspensas provocando angústia e preocupação na população

https://globoplay.globo.com/v/9573733/

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PORTAL G1

Goiás registra 1.755 casos e 56 mortes de Covid-19 em um dia, diz governo

Estado já contabiliza 619.759 contaminados e 17.323 vidas perdidas pelo coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde.

Por Guilherme Rodrigues, G1 GO

Goiás registrou 1.755 novos infectados pelo coronavírus e 56 mortes pela doença em 24h, conforme boletim divulgado pelo governo nesta quinta-feira (3).

O estado já contabiliza 619.759 contaminados e 17.323 vidas perdidas pela Covid-19 desde o início da pandemia, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).

O boletim mostra ainda que há 588.069 pessoas recuperadas e 464.653 casos suspeitos em investigação. Ainda conforme a pasta, 354 mortes estão sendo investigadas. A taxa de mortalidade da doença é de 2,8%.

Ocupação dos hospitais

A rede hospitalar estadual está com 88% dos 578 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. O índice na enfermaria é de 63%.

Em Goiânia, das 295 vagas de UTI, 72% estão em uso. O índice na enfermaria, que tem 234 leitos, é de 79%.

O Complexo Regulador Estadual, que administra pedidos de internação, está com 58 pacientes na fila de espera por uma UTI e 68 aguardam um leito de enfermaria.

Vacinação

O levantamento realizado pela SES registrou que, referente à primeira dose, foram aplicadas 1.481.225 doses. Do total, 654.200 pessoas já receberam o reforço.

O estado já recebeu 3.055.920 doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 1.351.530 da CoronaVac, 1.608.450 da AstraZeneca e 95.940 da Pfizer.

Evolução dos casos

Casos confirmados:

O governo estadual registrou os três primeiros casos de Covid-19 em 12 de março;

Em 6 de maio de 2020, Goiás ultrapassou 1 mil casos confirmados e atingiu 45 mortes;

Em 14 de agosto, o estado ultrapassou 100 mil casos confirmados da doença;

Goiás registrou recorde de casos em um dia em 24 de março, com 5.409 novos infectados;

Em 7 de abril, o estado passou de 600 mil pessoas contaminadas.

Mortes confirmadas:

primeira morte por coronavírus registrada em Goiás foi em 26 de março de 2020;

Em 7 de outubro, Goiás ultrapassou as 5 mil mortes pela doença;

recorde de mortes em 24 horas foi de 267 óbitos, registrado em 10 de março de 2021;

Em 30 de maio, o governo informou que a doença provocou 17 mil mortes.

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O GLOBO

CFM vê ‘excessos’ contra médicos na CPI da Covid; senadores negam e apontam ‘corporativismo’

Entidade médica afirma ver ausência de civilidade e respeito, e diz que profissionais ouvidos no Senado estão sendo submetidos a ‘constrangimento’.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta quarta-feira (2) uma nota em que diz ver “excessos e abusos” contra médicos na CPI da Covid. Integrantes da comissão ouvidos pelo G1 nesta quinta (3) negam desrespeito e apontam um posicionamento “político” e “corporativista” por parte da entidade.

Vários médicos já participaram da CPI na condição de testemunha e de convidado. Entre os que compareceram, estão os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich; o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga; a secretária de Trabalho do Ministério da Saúde e pediatra Mayra Pinheiro, a oncologista Nise Yamaguchi e a infectologista Luana Araújo (veja vídeos ao longo desta reportagem).

“O CFM e os 530 mil médicos repudiam veementemente os excessos e abusos no trato de parlamentares em relação aos depoentes e convidados, em especial médicos e médicas, e clama ao Senado Federal que os trabalhos sejam conduzidos com sobriedade”, diz trecho do documento divulgado pelo conselho.

Em vídeo compartilhado nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, fala especificamente em “agressões” do senador Otto Alencar (PSD-BA) à oncologista Nise Yamaguchi – defensora de tratamentos ineficazes e de teses equivocadas para o enfrentamento da Covid, incluindo a dita “imunidade de rebanho”.

Senadores negam excessos

Procurado pelo G1, Otto Alencar (que também é médico) disse ter tratado a convidada com respeito e ter feito perguntas dentro das regras previstas no regimento do Senado.

“O presidente do CFM é bolsonarista e quer aparecer na TV. Eu agi dentro da lei, que nos autoriza a fazer perguntas, inquirições. Não tratei mal a doutora Nise, chamei de ‘vossa senhoria’, ‘senhora’. Fiz perguntas que ela não soube responder. Vou continuar da mesma forma, com o mesmo tom, com veemência quando for perguntar a alguém que está omitindo a verdade”, disse o senador baiano.

Otto Alencar lembrou também que, nas primeiras horas do depoimento de Nise Yamaguchi, houve um movimento na CPI – de senadores insatisfeitos com as respostas da médica – para encerrar a sessão e aprovar uma convocação da oncologista na condição de testemunha.

“Isso sim seria um constrangimento, e eu fui contra, até por ser um colega dela de profissão”, afirmou Otto Alencar.

Alessandro Vieira (Cidadania-MA) disse que “houve falas mais exaltadas”, mas que “desrespeito aos médicos é um médico ignorar estudos científicos, e optar por atuar com base em corrente de WhatsApp”.

Vieira disse ao G1 não considerar que a nota do CFM tenha sido agressiva à comissão. “É uma defesa corporativa, a classe médica é corporativista”, declarou.

O CFM informou que encaminhou a moção de repúdio ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que o parlamentar tome as providências que considerar necessárias em relação aos depoimentos de profissionais da medicina.

Até a noite desta quinta, de acordo com senadores que integram a CPI, Pacheco ainda não havia procurado os membros da comissão para tratar do assunto.

Íntegra

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina:

MOÇÃO DE REPÚDIO

Em defesa do médico, ao respeito e à civilidade na CPI da Pandemia

O Conselho Federal de Medicina (CFM), em nome dos mais de 530 mil médicos brasileiros, vem publicamente manifestar sua indignação quanto a manifestações que revelam ausência de civilidade e respeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Os médicos brasileiros têm se desdobrado na Linha de Frente contra a covid-19. Graças a eles e às equipes de saúde, milhões de pessoas conseguiram recuperar sua saúde e hoje estão em casa, com suas famílias e amigos. Essa atuação tem ocorrido com dedicação, empenho e, muitas vezes, sem condições de trabalho. Por isso, merece ser reconhecida de forma individual e coletiva.

São esses mesmos médicos, que estão na Linha de Frente, que buscaram o CFM para manifestar sua insatisfação com a postura de membros da CPI nas oitivas em que profissionais da medicina participam como convidados ou testemunhas. É com eles que o CFM se solidariza nessas críticas.

A classe lamenta que esses médicos chamados a depor estejam sendo submetidos a situações de constrangimento e humilhação. Ao comparecer na CPI da Pandemia, qualquer depoente ou testemunha tem garantidos seus direitos constitucionais, não sendo admissíveis ataques à sua honra e dignidade, por meio de afirmações vexatórias.

No entendimento do CFM, e da classe médica, o que tem sido exibido em rede nacional configura situação inaceitável e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade. Em lugar disso, testemunha-se situações que desmoralizam os médicos e as médicas.

Reitere-se que os comentários dessa nota se referem aos médicos e médicas depoentes enquanto indivíduos, não significando apoio aos seus posicionamentos técnicos, éticos, políticos, partidários e ideológicos. Na CPI, eles responderão por suas ações e omissões, as quais, se forem consideradas indevidas, serão alvo de providências por parte do Ministério Público e de outros órgãos competentes.

Assim, o CFM e os 530 mil médicos repudiam veementemente os excessos e abusos no trato de parlamentares em relação aos depoentes e convidados, em especial médicos e médicas, e clama ao Senado Federal que os trabalhos sejam conduzidos com sobriedade para que o País tenha acesso às informações, dados e percepções que permitirão à CPI concluir seus trabalhos de modo efetivo.

Neste sentido, encaminha esse documento ao presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, para que, ciente destes fatos, tome as providências que considerar necessárias.

Brasília, 2 de junho de 2021.

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Grupo de médicos brasileiros assina manifesto contra o Conselho Federal de Medicina

Margareth Dalcolmo, Paulo Niemayer, Daniel Tabak, Ligia Bahia e centenas de outros médicos brasileiros “comprometidos com a melhoria da saúde no país” fizeram um manifesto discordando das posições do Conselho Federal de Medicina. O documento aponta que o CFM adota postura contrária “à apuração das responsabilidades e omissões para o enfrentamento da pandemia de Covid-19”.

O manifesto defende ainda que “nesse momento em que o padrão de transmissão da Covid-19 segue elevado, nossa atenção seja a necessidade de políticas baseadas na ciência e em boas práticas”.

A união de tantos especialistas acontece após o presidente do CFM, o bolsonarista Mauro Ribeiro, divulgar um vídeo onde afirmou que “não sabemos nada, temos todas as dúvidas do mundo” sobre o novo coronavírus, o que abriria precedente para tratamentos diversos.

Mas muitos médicos, inclusive os que estão na linha de frente no cuidado de pacientes graves, discordam e dizem que sabem sim, por exemplo, que o denominado tratamento precoce não é o recomendado.

Ribeiro é acusado pela 31ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul de ter se ausentando no trabalho na Prefeitura de Campo Grande por 28 meses entre de junho de 2013 a outubro de 2015.

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O ESTADO DE MINAS

Médicos repudiam críticas do presidente do CFM à CPI da COVID-19

Mauro Ribeiro, que preside o Conselho Federal de Medicina, criticou condução da CPI da COVID

As recentes declarações do Conselho Federal de Medicina ( CFM) contestando a condução da Comissão Parlamentar de Inquérito ( CPI) da COVID-19, conduzida pelo Senado Federal, têm desagradado médicos país afora. O presidente da entidade, Mauro Ribeiro, gravou vídeo dizendo que o comitê de investigação tem ‘ambiente tóxico’. As imagens, em versão editada, foram compartilhadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nessa quarta-feira (2/6), além do vídeo, o CFM já havia emitido nota de repúdio sobre o tema. O documento é subscrito por Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Nas imagens propagandeadas por Bolsonaro, Mauro Ribeiro argumenta que o coronavírus desperta dúvidas.

‘Não temos certeza sobre nada em relação a essa doença desconhecida. Temos todas as dúvidas do mundo. Esse é o ponto’, diz.

– O Presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Dr. Mauro Ribeiro, classifica a CPI como tóxica e vergonhosa.

– Falta coragem moral para a maioria de seus integrantes para apurar desvios de recursos e ouvir autoridades como, p. ex., o Presidente do CFM. pic.twitter.com/eqQB4svwj2

O infectologista, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geraldo Cunha Cury, porém, lembra que há ações comprovadamente eficazes para barrar o vírus. ‘Existem muitas dúvidas em relação ao coronavírus, mas existem certezas científicas: não existe tratamento precoce e precisamos de mais vacinas contra a COVID-19 com urgência’, rebate.

‘No Brasil temos que usar máscara, manter distanciamento social e higiene das mãos até que aproximadamente 70% dos brasileiros estejam vacinados’, completa o especialista.

Nesta semana, além da médica Luana Araújo, que deixou o Ministério da Saúde após passagem relâmpago e ‘extraoficial’, a CPI tomou o depoimento da oncologista Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, remédio sem eficácia para tratar a enfermidade. Ela foi inquirida por parlamentares que contestam a tese do ‘tratamento precoce’, sem evidências científicas que atestam seu sucesso.

Mauro Ribeiro afirmou que Nise Yamaguchi foi ‘destratada’ pelos congressistas. Ele também reclamou do tratamento dado à médica Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde pejorativamente chamada de ‘capitã cloroquina’.

Ribeiro teceu fortes críticas ao médico e senador Otto Alencar (PSD-BA), que repudiou duramente a conduta de Nise ante a COVID-19.

‘Infelizmente, o CFM fala em ambiente tóxico na CPI. Entretanto o que aconteceu no depoimento da doutora. Yamaguchi foi que ela não respondia às perguntas e gastava tempo dos 15 minutos que cada senador tinha sem responder ao que tinha sido perguntada’, sustenta Geraldo Cunha Cury.

Mais críticasQuem também mostrou descontentamento com as declarações de Mauro Ribeiro foi Gerson Salvador, infectologista do Hospital da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em saúde pública.

Ele saiu em defesa da apuração conduzida pelo Senado Federal e gravou vídeo contestando os posicionamentos do dirigente do conselho. ‘O senhor deveria ter obrigação de zelar pelo cumprimento ético da medicina. O senhor não é representante dos médicos. O CFM é uma autarquia pública e o senhor tem responsabilidade com isso. A CPI tem sido instrumento para averiguar os desvios na condução da pandemia’, protestou.

Salvador aproveitou para apontar contradições no comportamento da entidade médica.

‘Gostaria de saber onde estava o presidente do Conselho Federal de Medicina quando o Ministério da Saúde divulgou tratamentos ineficazes, inclusive com prescrição por aplicativo, ferindo frontalmente a autonomia do médico. Gostaria de saber porque o Conselho Federal de Medicina não se pronunciou quando o presidente da República disse que nós somos escravos de protocolo. Ou quando o governo federal foi a Manaus, com falta de oxigênio, entregar cloroquina para tratar coronavírus’.

Resposta a Mauro Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina. O CFM não é entidade representativa de médicos, é um AUTARQUIA PÚBLICA que tem obrigação de zelar pelo exercício ético da medicina como meio de proteger a sociedade. Não te autorizo a falar em meu nome. pic.twitter.com/LccsV9AWro

%u2014 Gerson Salvador (@gersonsalvador) June 3, 2021

Na nota que publicou em seu site, o CFM alega falar ‘em nome dos mais de 530 mil médicos brasileiros’. Incomodado com a generalização, o cardiologista Marcio Bittencourt, da USP, subiu o tom ao reclamar. ‘Desculpe, não sou um dos 530 (mil). Solicito uma recontagem que inclua somente os médicos com vocação de capacho do governo como o presidente do conselho’, escreveu.

Desculpe, não sou um dos 530. Solicito uma recontagem que inclua somente os médicos com vocação de capacho do governo como o presidente do conselho.

%u2014 Marcio S Bittencourt (@MBittencourtMD) June 3, 2021

Presidente do CFM pede para depor

Mauro Ribeiro quer, a todo custo, ir à CPI. Segundo o dirigente, ‘deputados, senadores, jornalistas e procuradores’ têm sido escutados sobre o combate à epidemia.

‘Todos falam, hoje, sobre tratamento, sobre lockdown e sobre a doença COVID. Os únicos que não estão sendo ouvidos são os médicos brasileiros, os enfermeiros, os técnicos de enfermagem, os fisioterapeutas, as assistentes sociais, os psicólogos e os dentistas’.

Ele disse ter enviado ofício ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que não compõe a comissão, protestando contra o ambiente dos trabalhos. Ao comentar o vídeo do presidente do CFM, Jair Bolsonaro voltou a alfinetar os participantes do comitê, dizendo que falta ‘coragem moral’ aos parlamentares para concretizar a oitiva de Ribeiro.

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?

Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.

O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo esse período ser prorrogado por mais 90 dias.

Saiba como funciona uma CPI

Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a proporcionalidade partidária – as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada agremiação são responsáveis por indicar os componentes.

Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as conclusões obtidas ao longo dos trabalhos.

Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.

Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade

convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)

executar prisões em caso de flagrante

solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública

convocar autoridades, como ministros de Estado – ou secretários, no caso de CPIs estaduais – para depor

ir a qualquer ponto do país – ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas – para audiências e diligências

quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação

solicitar a colaboração de servidores de outros poderes

elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada

pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)

solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI não pode fazer?

Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:

julgar ou punir investigados

autorizar grampos telefônicos

solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares

declarar a indisponibilidade de bens

autorizar buscas e apreensões em domicílios

impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem

documentos relativos à CPI

determinar a apreensão de passaportes

A história das CPIs no Brasil

A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da indústria de comércio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) – investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias – culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) – apurou desvios do Orçamento da União

2000: CPIs do Futebol – (Senado e Câmara, separadamente) – relações entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) – apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores

2005: CPMI dos Correios – investigar denúncias de corrupção na empresa estatal

2005: CPMI do Mensalão – apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (Câmara) – apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) – apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde

2015: CPI da Petrobras (Senado) – apurar possível corrupção na estatal de petróleo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) – Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News – disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018

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FOLHA DE S.PAULO

Após prometer vacina, presidente insiste em remédio sem eficácia

Danielle Brant e Mateus Vargas

Brasília – Um dia depois de um pronunciamento em que prometeu vacinar os brasileiros que quiserem ser imunizados, o presidente Jair Bolsonaro voltou a exaltar tratamentos sem eficácia comprovada e a atacar os integrantes da CPI da Covid, no Senado.

Em sua live semanal nesta quinta-feira (3), ao lado do ministro Milton Ribeiro (Educação), Bolsonaro afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito tinha “uma chance ímpar de discutir essa questão de tratamento imediato, como é que o mundo está enfrentando a questão do Covid.”

“Podíamos dizer se em algum país do mundo ninguém morreu. O que a CPI podia falar sobre o lockdown da Argentina, é o país que mais fechou tudo no mundo. E é um dos países que mais morre por milhão de habitantes”, afirmou. “Falar o que, em função disso, está acontecendo com a Argentina. A Argentina está tomando medida, ali, de fazer inveja a Hugo Chávez.”

Em sua fala na TV, Bolsonaro prometeu que, neste ano, todos os brasileiros que quiserem serão vacinados. Sua fala foi acompanhada de forte panelaço em todas as regiões do país.

Já na live desta quinta, o presidente disse que a CPI está perdendo “uma chance enorme de ser útil”.

“Fica lá três marmanjões ali, o [senador] Renan Calheiros [MDB-AL], conhecido né, PhD, recordista em inquérito no Supremo. Tem o [senador] Ornar Aziz [PSD-AM], que conhece tudo de saúde no seu estado, com profundidade, acusado de um montão de coisa no seu estado. O outro lá, aquela pessoa lá do Amapá, outro senador [Randolfe Rodrigues, Rede].”

Na avaliação do presidente, eles ficam “maltratando pessoas que falam o que eles não gostam de ouvir, inclusive duas mulheres: a [médica] Nise Yamaguchi e a Mayra [Pinheiro] , duas excepcionais profissionais que entendem do assunto, que defendem o tratamento imediato. Mas eles não querem.”

“Agora, aquela pessoa que é contra o tratamento imediato e não dá alternativa, no mínimo é um canalha”, afirmou o presidente.

Bolsonaro voltou a dizer ter tomado hidroxicloroquina, sem citar o nome do medicamento. “Todos, quase 200 pessoas lá da Presidência que foram contaminadas, quase todo mundo tomou aquele remédio”, afirmou. Neste momento, Ribeiro disse também ter tomado o medicamento.

O presidente disse ainda que milhares de pessoas “poderiam estar entre nós, vivas se o outro lado não politizasse isso.”

“Não politizei isso aí, quem politizou foi o outro lado. Quem diz para não tomar e não dá alternativa são eles.” A declaração contrasta com várias atitudes tomadas pelo mandatário durante a pandemia, o que incluiu comemoração da suspensão provisória, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dos estudos clínicos da Coronavac no Brasil.

Bolsonaro afirmou ainda na live que não aceitaria ser convidado para participar de uma CPI “para Renan Calheiros”.

“Quer convocar, é o poder da CPI convocar. Agora aceitar convite para ser inquirido por uma figura desqualificada como Renan Calheiros, ou Otto [Alencar] , ou Ornar Aziz? Realmente não tem cabimento.”

Ele afirmou também que, no passado, a CPI era levada com mais seriedade. “O pessoal acha que com CPI vai derrubar um presidente. Vai derrubar por quê? Estão apurando desvio de recursos? Não, até porque o próprio Renan falou que essa CPI não será usada para apurar desvio de recursos. Está apurando o quê?”, questionou.

Também nesta quinta, o presidente andou de moto e provocou pequena aglomeração em Formosa (GO), a 80 km de Brasília (DF).

O passeio não constava na agenda oficial. Em Formosa, Bolsonaro esteve em uma igreja e tirou fotos com apoiadores, que se aglomeraram para chegar perto do presidente. Ele usava máscara, segundo imagens publicadas em redes sociais de moradores da região.

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O ESTADO DE S.PAULO

Fiocruz prevê 50 milhões de doses de vacinas contra covid-19 com insumo nacional

A previsão é de que, a partir de outubro, a instituição já distribua imunizantes 100% nacionais

A Fiocruz recebeu na quarta-feira a primeira remessa dos bancos de células e de vírus necessários para o início da produção nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), prevista para começar ainda este mês. Dessa forma, a expectativa é de que em até quatro meses seja reduzida a dependência de insumos para imunizantes vindos de outros países, como a China.

Base para a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), os dois ingredientes são o “coração” da tecnologia da vacina. Chegaram ao País no dia seguinte à assinatura do contrato de transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz. A previsão é de que, a partir de outubro, a instituição já distribua imunizantes 100% nacionais – o que é crucial para garantir a autonomia do País. O montante deve chegar a 50 milhões de doses em 2021.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que a projeção divulgada originalmente, de entregar entre 100 milhões e 110 milhões de doses de produção inteiramente nacional até o fim do ano, era uma estimativa feita de acordo com o conhecimento tecnológico que se tinha na época, antes mesmo de o imunizante ter sido aprovado. Agora, com a transferência da tecnologia concluída, a realidade se revelou mais complexa.

“Somos uma instituição científica, não fazemos previsões, fazemos estimativas”, frisou ela. “Há coisas que só no processo de desenvolvimento é possível saber. O problema não é só aqui, é no mundo todo. É uma plataforma nova (de fabricação de vacina) sendo adotada por vários sítios de produção em diferentes países ao mesmo tempo.” A instituição poderá precisar suspender produção, por exemplo, para produzir os próprios bancos de células e vírus.

A Fiocruz deve receber ainda mais duas remessas dos bancos de células e vírus, segundo explicou o diretor de Biomanguinhos, Maurício Zuma. Trata-se de um cuidado para preservar o material, considerado extremamente precioso.

A produção começa ainda este mês, mas restam algumas etapas a serem cumpridas antes da produção em massa do imunizante nacional. As primeiras doses produzidas formarão os lotes de validação. Passarão pela análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da própria AstraZeneca. A partir de outubro, serão 15 milhões de doses com IFA nacional entregues mensalmente.

Zuma explicou que eventualmente serão necessários novos lotes desses bancos de célula e vírus para a produção do IFA. A instituição, então, precisará decidir. Escolherá se produz esses bancos no Brasil – e será preciso parar temporariamente a linha de produção – ou se continuará a importar esses insumos. O diretor garantiu que a demora na assinatura do contrato de transferência de tecnologia não causou atraso na produção.

Conforme Bio-Manguinhos/Fiocruz, nos próximos dias os profissionais da instituição cuidarão do descongelamento dos produtos recebidos. O banco de células e o de vírus passarão, assim, pelo processo produtivo de IFA: expansão celular, biorreação, rompimento celular e tratamento enzimático, clarificação, purificação, concentração e condicionamento, formulação do IFA, filtração final, congelamento e controle de qualidade.

“Foram meses de intensa negociação, discussão e troca de informações técnicas com a AstraZeneca”, afirmou Maurício Zuma. “Este é um momento muito importante para todos nós, para o Brasil. Estamos incorporando uma nova plataforma tecnológica que vai nos permitir no futuro desenvolver e produzir novas vacinas para novas doenças. É um grande passo para a nossa soberania nacional na área de produção de vacina.”

O feito também foi comemorado na quarta pelo presidente Jair Bolsonaro, em discurso em rede nacional. “Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacinas contra o covid no mundo”, disse.

O presidente não mencionou o “tratamento precoce” com medicamentos sem eficácia contra a covid-19. Seu discurso foi alvo de “panelaços”.

Nos próximos meses

A curto prazo, a instituição ainda dependerá da importação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da China. Isso pode ainda causar um hiato na distribuição do produto ao Programa Nacional de Imunização (PNI). O problema pode ocorrer entre agosto e setembro, segundo informou Nísia Trindade, na recepção dos equipamentos. “Pode haver um gap? Pode. Entre agosto e setembro”, admitiu Nísia. “Estamos trabalhando para que isso não aconteça, mas vai depender da chegada do IFA a cada mês; por isso estamos dando estimativas mês a mês. Nosso compromisso é sempre o de atualizar o cronograma. Mas é preciso ter clareza que a situação em todo o mundo é muito difícil em termos de IFA.”

Por isso, a instituição reduziu a estimativa de produção de doses totalmente fabricadas no Brasil, de 100 milhões para 50 milhões até o fim deste ano. As demais 50 milhões, garante a instituição, serão entregues ao PNI conforme previsto, mas ainda dependerão da importação de IFA da China. O recebimento de novas remessas do ingrediente está em negociação, segundo Nísia.

No total, conforme a própria fundação, já foram entregues 47,6 milhões de doses ao PNI, incluindo 4 milhões de doses prontas da vacina do Instituto Serum, da Índia.

Com o IFA já em estoque no Instituto, estão garantidas outras 12 milhões de doses, além de cerca de 6,5 milhões de unidades já produzidas e em liberação, com entregas semanais garantidas até 3 de julho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Taxa de cobertura vacina no Brasil despenca e abre brecha para surtos

Pandemia agrava queda; vacina contra a hepatite B em recém-nascidos teve pior índice, mostra estudo

Cláudia Collucci

são paulo Com a pandemia de Covid-19, a cobertura vacinai no Brasil, que já vinha em queda nos últimos anos, despencou ainda mais em 2020, aumentando o risco de novos surtos de doenças preveníveis.

Análise inédita do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), com base em dados do Ministério da Saúde atualizados até o dia4 de abril último, mostra que menos da metade dos municípios brasileiros atingiu a meta estabelecida pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações ) para nove vacinas, entre elas as que protegem contra hepatites, poliomielite, tuberculose e sarampo.

Com exceção da penta valente (contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tip o B), todas as demais apresentaram quedas preocupantes de cobertura. Os dados ainda podem mudar porque há atraso das notificações de alguns municípios.

A maior redução, de 16 pontos percentuais, foi da cobertura da vacina contra a hepatite B em crianças de até 30 dias. De 2019 a 2020, caiu de 78,6% para 62,8%. As vacinas BCG (contra tuberculose) e tríplice viral primeira dose (contra sarampo, caxumba e rubéola) sofreram reduções de cerca de 14 e 15 pontos percentuais, respectivamente.

A queda de cobertura da vacina que protege contra poliomielite foi de 8,3 pontos percentuais – de 84,2% para 75,9%. Em 2015, o país tinha registrado cobertura de 98,3%. Para obter imunidade coletiva, é necessário uma taxa de vacinação de 95%.

“A gente corre o risco do ressurgimento de doenças se essa queda não for revertida. Quando as coisas voltarem ao normal e as aulas presenciais retornarem, doenças que já estavam controladas podem vir com muito mais força”, diz a economista Letícia Nunes, pesquisadora do Ieps e autora da análise.

Um dos retrocessos já vividos pelo país foi o retorno do sarampo, que tinha sido erradicado e voltou a circular em 2018 após uma queda na cobertura da vacina tríplice viral. Em 2020, houve surtos em 21 estados brasileiros, com o Pará respondendo por mais de 60% dos casos.

Para a pesquisadora, a queda da cobertura vacinai pode ter sido agravada em 2020 pelo distanciamento social imposto pela pandemia e pelo receio das pessoas de procurarem as unidades de saúde e se infectarem com o coronavirus.

Uma outra pesquisa, do Ibope Inteligência, mostrou que 29% dos pais adiaram a vacinação dos filhos desde o início da pandemia, e 9% disseram que só pretendem levar os pequenos para a imunização quando a situação melhorar.

O estudo, que faz parte da campanha #MaisQueUmPal- pite, iniciativa da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e da Pfizer, também revelou que os atrasos ocorrem em todas as classes sociais e que 44% dos pais deixaram de fazer o acompanhamento dos filhos com pediatra. A porcentagem é maior (50%) entre pais de crianças de três a cinco anos.

“Todos os serviços de saúde foram deixados de lado. Os cardíacos deixaram de controlar a hipertensão e o colesterol, houve queda brutal de diagnóstico de câncer. E as vacinas seguiram o mesmo caminho”, diz o infectologista Renato Kfouri, diretor da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações).

A análise do Ieps também chama a atenção para as disparidades regionais. Norte e Nordeste tiveram as piores performances em 2020 e atingiram uma cobertura vacinai de 65% e 72%, o que representa uma queda de 23 e 28 pontos percentuais com relação a 2015, respectivamente.

A região que registrou menor velocidade de queda foi o Sul (redução de dez pontos percentuais), que terminou o ano de 2020 com uma cobertura de 86% – ainda assim, abaixo da meta.

Kfouri alerta para o impacto dos bolsões de baixa cobertura vacinai e a falta de homogeneidade desses índices. “Se tem lugares com20%, 30%, 40% de cobertura para pólio, sarampo e hepatite B, isso é tão perigoso quanto a baixa total. É um convite para a reintrodução de um monte de doenças”, afirma.

Letícia Nunes lembra, no entanto, que a redução na cobertura já vinha sendo observada nos últimos cinco anos. “As vacinas atingiram um ápice de sucesso e isso levou a uma queda na percepção de risco pela população. Também surgiram preocupações em relação à confiabilidade das vacinas.”

Em muitos municípios do país, as equipes de saúde da família, responsáveis pelo acompanhamento vacinai das crianças na atenção primária, foram desestruturadas para dar prioridade aos pacientes com Covid-19.

“Eles deveriam estar na comunidade, com máscara e distanciamento social, perguntando sobre sintomas de Covid, mas também sobre consultas de rotina, vacinação das crianças”, diz o médico Fabiano Guimarães, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Alguns estudos preliminares têm mostrado que os municípios que mantiveram uma atenção primária forte e atuante durante a pandemia, com fluxos diferenciados para os pacientes com Covid e sem Covid registraram taxas menores de mortalidade pela doença.

Para Guimarães, outro fator é o fechamento das escolas e a diminuição de consultas pediátricas de rotina. “Muitas escolas pedem o cartão de vacinação da criança de tempos em tempos, assim como os médicos de família e pediatras. Essa cobrança diminuiu”, diz ele, que atua em uma equipe de saúde da família de Belo horizonte e já dirigiu a atenção primária da capital mineira.

Na avaliação do médico, é preciso compreender os fatores que já vinham causando a queda da cobertura vacinai antes da pandemia. “O movimento antivacina tem influência. Às vezes, ele é subdimensionado no país, mas muitas pessoas não têm vacinado os filhos por medo ou por convicção. Isso já foi menor, mas tem aumentado nos últimos anos e não pode ser ignorado.”

A baixa qualidade de serviços de atenção primária pelo país e um controle deficiente por parte dos gestores também estariam entre os fatores que colaboram para a queda vacinai. “Se você não tem uma atenção primária forte, deixa de fazer consultas de rotina, de acompanhar a população”, diz Guimarães. “Quando se tem uma boa APS [atenção primária à saúde], falar sobre vacina faz parte do atendimento.”

E o assunto não fica restrito às consultas médicas ou à enfermagem. Uma das atribuições do agente de saúde da família, por exemplo, é perguntar aos pais ou responsáveis pela criança se o cartão de vacinação está em dia.

A percepção do médico é sustentada por dados da análise do Ieps. Estados com municípios que têm tradição de atenção primária mais eficiente, como Santa Catarina, Ceará, Paraná e Minas Gerais, tendem a ter melhores performances na cobertura vacinai. Entre os estados com pior cobertura em 2020 estão Amapá, Roraima, Acre e Rio de Janeiro.

O Ministério da Saúde afirmou que vem reforçando as ações e estratégias necessárias para ampliação das coberturas vacinais e para reverter as consequências provocadas pela pandemia da Covid-19.

“O Movimento Vacina Brasil, lançado em 2019, atua para mobilizar a população sobre a importância da vacinação e para afastar o risco de reintrodução de doenças já erradicadas no país. A pasta realiza, constantemente, reuniões com as equipes técnicas de vacinação estaduais, para monitorar as estratégias locais de busca ativa da população para completar a carteira de vacinação, além de ações de multivacinação, campanhas nacionais como a de sarampo, poliomelite, influenza e para imunização de rotina”, disse em nota.

A pasta afirmou também que, para garantir a ampliação da cobertura vacinai na Atenção Primária à Saúde (APS), adota estratégias, em conjunto com os gestores locais do SU S, como sala de vacina aberta em todo horário de funcionamento da unidade de saúde, aproveitar consultas ou outros procedimentos para realizar a vacinação, orientar a população sobre atualização vacinai e combater informações falsas.



Imunização de adultos é desafio ainda maior no país

Se a vacinação de crianças já encontra dificuldades para atingir as metas propostas, na imunização de adultos o desafio é ainda maior.

Para o infectologista Renato Kfouri, o conceito de que a proteção vacinai deve ocorrer somente na infância está muito arraigado na cultura do país, o que é um equivoco. “A informação sobre vacinação de adultos é muito precária no país. O próprio profissional da saúde não se lembra de recomendar essas vacinas”, diz ele.

Os dados são escassos, mas o pouco que existe mostra o tamanho do gargalo. A vacinação de gestantes chega a 60% para as vacinas de tétano e coqueluche e só cerca de 50% da população adulta está vacinada contra hepatite B.

Para discutir esse assunto, nos próximos dias 9 e 10 de junho o Instituto Lado a Lado pela Vida realiza um fórum sobre imunização. Segundo a presidente do instituto, Marlene Oliveira, os adultos também devem estar atentos às vacinas que precisam tomar, principalmente pacientes oncológicos ou os doentes crônicos.

“Um adulto vacinado contra a pneumonia ou a hepatite B, além de ter o risco de desenvolver a doença reduzido, terá menor chance de precisar de uma internação hospitalar.”

Segundo ela, em muitos casos, familiares e cuidadores também devem se vacinar, como proteção adicional para do paciente que já está com a imunidade comprometida.

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JORNAL OPÇÃO

Internada com diabetes, menina ganha boneca com cateter nasal igual ao que usa

Por Luiza Lopes

Presente doado por uma enfermeira da UTI do Hmap teve o objetivo de tornar a internação menos dolorosa e incentivar no tratamento de Maria Valentina, de 6 anos

Com o objetivo de ajudar no tratamento e tornar a internação menos dolorosa, a enfermeira Janaynna Moreira, do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (Hmap) presenteou a pequena Maria Valentina, de 6 anos – que trata uma cetoacidose diabética -, com uma boneca que possui um cateter nasal, mesmo equipamento que a menina precisou usar.
 
“A Valentina estava muito triste e assustada, tinha medo de tudo. O presente foi para criar um elo a mais a fim de que a relação de confiança fosse estabelecida. Quando a criança se sente amada e querida passa a colaborar com a equipe”, explica a profissional.
 
A enfermeira revela que a paciente estava resistente ao tratamento. “Ela não queria colocar o cateter nasal, então decidi dividir o incômodo e colocar também na boneca. Foi uma forma de estímulo ‘mamãe e filhinha’ juntas em tratamento na unidade”, afirma.
 
A paciente está internada no HMAP desde o dia 15 de maio para tratamento de uma Cetoacidose diabética. Maria Valentina precisou ser encaminhada para UTI e ficou intubada por um dia.  Durante todo período de internação, ela está acompanhada dos pais.
 
Após a criança ser presenteada, a equipe de fisioterapia também passou a utilizar o brinquedo no tratamento. “Com a boneca estimulamos o fortalecimento muscular e respiratório da Valentina, proporcionando um ambiente hospitalar agradável e seguro. Com essas atividades lúdicas, ganhamos confiança da criança para atividades que outrora seriam dolorosas”, revela o fisioterapeuta Arthur Antunes.
 
Emoção

A família da Valentina ficou emocionada com o presente e todo acolhimento e cuidado humanizado que a criança recebe no HMAP. “A equipe é muito atenciosa com a minha filha. Eles têm feito o melhor possível para deixar a Maria Valentina confortável. Ver como eles tratam a minha filha é gratificante. O Carinho de todos nos ajuda a enfrentar o tratamento. Espero que logo ela melhore e volte para casa bem”, disse Gilmar dos Santos , pai da criança. 
 
Para a psicóloga Taís Gaudart, o vínculo que a equipe estabeleceu com a criança reduz o  estresse emocional e aumenta a sensação de segurança. “Com a ação a paciente pode lembrar da hospitalização de forma positiva. Ela consegue cooperar e elaborar mais, assim  contribui com todo tratamento. O lúdico é um facilitador de enfrentamento e faz com que a criança se recupere mais rápido”, ressalta.

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JORNAL OPÇÃO

Anvisa analisa, na tarde de hoje, pedidos de liberação das vacinas Sputnik V e Covaxin

Por Gabriela Macedo

Por falta de documentação, ambos os imunizantes tiveram pedidos anteriores negados; reunião está prevista para iniciar às 14h

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reúne para fazer a análise dos novos pedidos de liberação das vacinas contra a Covid-19 Sputnik V, da Rússia, e Covaxin, da Índia. O encontro será realizado na tarde desta sexta-feira, 4; seu início está previsto para as duas horas da tarde.

Pedidos de liberação anteriores foram rejeitados pela agência. Em março, por exemplo, solicitação protocolada pelo Ministério da Saúde que previa a importação de 20 milhões de doses da vacina indiana não foi liberado por falta de documentações e dados. Além disso, a Anvisa negou a certificação de boas práticas à empresa que desenvolveu o imunizante, a Bharat Biotech.

Novo requerimento de certificação de boas práticas foi protocolado pela empresa indiana e está sendo analisado pela agência. Em maio, o órgão autorizou a realização de testes da fase 3 no Brasil. A Anvisa ainda explicou que o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, que negocia a vacina no país, “seguiram em tratativas com a agência a fim de adequar os aspectos que motivaram o indeferimento”.

Já em relação a Sputnik V, em abril, a Anvisa negou pedido de autorização de importação de quase 30 milhões de doses feito por 14 estados. A decisão foi tomada em reunião extraordinária que atendida decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em ação protocolada pelo governo do Maranhão, onde a agência justificou não ter recebido relatório técnico que comprovasse o padrão de qualidade do imunizante.

Além disso, a Gerência de Medicamentos do órgão apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na irregularidade mais grave, explicou que o adenovírus que carrega o material genético do coronavírus é capaz de se reproduzir – o que não deveria acontecer – e ainda causar novas doenças.

Um dia após a negativa da agência, em resposta ao órgão, o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês) disse, em nota, que os comentários da Anvisa sobre o imunizante Sputnik V eram “incorretos” e que a decisão de não o aprovar poderia ter “motivação política”.

Já no fim de maio, a Anvisa recebeu novo documento sobre a Sputnik V, que foi requerido pelos estados da Bahia e do Maranhão. Na ocasião, a agência afirmou que já avaliava solicitação de importação feia pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, e um segundo por parte da Bahia, Maranhão, Ceará, Sergipe e Pernambuco.

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O HOJE

Empresa de táxi aéreo goiana tem rotina retratada no Profissão Repórter

As operações aeromédicas da Brasil Vida Táxi Aéreo, empresa goiana, fizeram parte do programa Profissão Repórter, exibido na última terça-feira (01/06), na Rede Globo. Duas repórteres do jornalístico acompanharam cerca de 35 voos da empresa pelo Brasil. Durante duas semanas, as jornalistas fizeram uma imersão nos hangares de Salvador e Goiânia. 

Durante as gravações, foram acompanhadas transferências de pacientes do Tocantins, Pará e Bahia. Ao todo, a empresa possui seis bases operacionais em cinco estados e todas estiveram envolvidas no socorro a pacientes com Covid-19 desde fevereiro de 2020. 

Os dados mais recentes da empresa, de abril deste ano, mostram que houve um crescimento expressivo nas operações na segunda onda da pandemia. Enquanto no ano passado inteiro foram 986 voos com pacientes com coronavírus, o primeiro quadrimestre de 2021 já superou todo o ano. Foram mais de mil remoções pelo Brasil com pacientes com quadros graves da doença.

Para o Piloto-Chefe da empresa, Phelipe Augusto Fleury, a matéria reflete bem o compromisso da empresa em salvar vidas. “Desde o início da pandemia, estamos empenhados em cuidar e a salvar aqueles que precisassem de nós. Voamos praticamente todo o Brasil e também cumprimos missões no exterior para que mais pessoas tivessem a chance de se recuperar desta doença terrível”, enfatiza. 

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Covid-19: Óbitos em UTIs públicas são maiores do que em UTIs privadas

Segundo dados do Projeto UTIs Brasileiras, do começo da pandemia até o dia 26 de maio de 2021, 54% dos pacientes internados para tratamento de Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), em hospitais públicos faleceram. Já nos hospitais privados, a taxa é de 30,4%. Os dados são de 641 hospitais (398 públicos e 243 privados) monitorados pelo Projeto. 

Para Sérgio Zanetta, médico infectologista e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo, entretanto, os dados não podem ser comparados somente entre si, porque frequentemente as UTIs públicas são quem recebem, de um modo geral, os pacientes com os casos mais graves de Covid-19. “Normalmente, os casos mais graves tendem a ser transferidos para esses hospitais, então não podemos olhar somente o desfecho porque eu avalio qual a gravidade do paciente que deu entrada na UTI, se já entrarem muito graves, naturalmente, os desfechos serão mais graves”, explica. 

Apesar disso, o especialista alerta que os dados do Projeto são válidos para chamar a atenção sobre a atenção da pandemia. “O estudo nos mostra que, que na melhor das hipóteses, somente 50% das pessoas que vão pra UTI, sobrevivem, em média, sendo que se têm óbitos entre 50% e 80% em média nas UTIs do País. É preciso também levar em conta a entrada dos pacientes no ambiente hospitalar”, destaca.

Para o professor de Saúde Pública, os dados misturam ainda pacientes de fases diferentes da pandemia. “Por volta de maio e junho de 2020, as primeiras informações que se sabia sobre a pandemia, nos países em que foi mais rápida, os pacientes evoluíam rapidamente pra necessidade de intubação e recebimento de ventilação mecânica, tanto é que o mundo se mobilizou onde um dos principais fatores era tentar garantir a disponibilidade de respiradores”, pontua.

Já no segundo semestre de 2020, Sérgio Zanetta explica que houve um avanço com a compreensão médica sobre a doença. “Identificou-se, em primeiro lugar que era adequado detectar precocemente sinais de insuficiência respiratória e realizar intervenções menos agressivas com ventilação, utilizando máscaras, dispositivos de ventilação menos invasivos. Dessa forma, muitos casos que poderiam evoluir, passariam a ser adequadamente manejados em leitos hospitalares, com medicação específica.”, pontua. Segundo o infectologista, esse aprendizado começou a produzir cerca de 30% de sobrevida a mais nos leitos de UTI, com inclusive, a redução da letalidade.

Segundo o Boletim Observatório Covid-19, divulgado em maio pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os casos de SRAG são responsáveis por incidências graves de doenças respiratórias, que demandam hospitalização ou levam a óbito. São atualmente, em grande parte, devido a infecções por Sars-CoV-2. Além disso, pela primeira vez no Brasil, a mediana da idade de internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) de todo o País ficou abaixo de 60 anos. 

Fatores

Já para Renato Grinbaum, médico infectologista e docente do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), os fatores que levam à maior taxa de letalidade nos serviços públicos têm a ver, inicialmente, com a população. “A população que frequenta hospital público muitas vezes tem mais dificuldade para acesso e acompanhamento médico inicial. Em segundo lugar, muitos hospitais foram sucateados, têm superlotação, falta de equipamento e de pessoal. Além disso, há alguns recursos são inacessíveis em termos de serviços públicos”, afirma. 

O infectologista ressalta que, dentro do tratamento hospitalar o que é mais importante são as condições físicas e humanas de trabalho. Segundo Renato, as estimativas dão conta de que por um lado a vacinação cresce, mas a divergência está no fato de que a vacinação é lenta e existe a chegada de novas variantes, e com essa imprevisibilidade é importante que as autoridades criem uma estrutura para atendimento que possa ser utilizada.

Covid-19 em Goiás

Segundo dados do Painel Covid-19 da Secretaria de Estado e Saúde de Goiás (SES-GO), divulgados nesta quarta-feira (02), Goiás registrou 5.162 novos casos e 100 óbitos por Covid-19 em 24 horas. É a primeira vez desde março que o Estado registra mais de 5 mil casos da doença. 

São 612.597 casos de doença pelo coronavírus no território goiano. Destes, há o registro de 583.591 pessoas recuperadas e 17.167 óbitos confirmados. No Estado, há 463.308 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 279.325 casos.

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Assessoria de Comunicação

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