Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 07 A 09/03/15 (continuação)

Continuação…

 

JORNAL OPÇÃO

“Nosso foco é sempre priorizar o interesse dos usuários do Ipasgo”
 

Presidente do instituto diz que objetivo de sua gestão é ter equilíbrio nas finanças, cobrir lacunas da iniciativa privada no serviço e ter o interesse do servidor como foco

Um dos compromissos do governador Marconi Perillo (PSDB) assumidos na campanha de 2010 era o de repassar o então capenga Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) para o comando dos próprios trabalhadores. Depois de uma transição para sanear o órgão, em setembro de 2012 o governador empossou Francisco Taveira Neto, um gestor de carreira e que tinha começa na vida pública no Tribunal de Contas do Estado (TCE), como assessor do “saudoso conselheiro e ex-governador Henrique Santillo”.
Com formação em Direito e carreira direcionada às áreas pública e administrativa — também é presidente do Instituto de Direito Administrativo de Goiás (Idag), voltado ao debate científico —, Taveira foi conduzido ao cargo como o nome preferido em uma lista quíntupla. Aprimorou a gestão do Ipasgo — que no governo anterior chegou a dever seis vezes o que arrecadava por mês — a ponto de agora poder dar início a investimentos de grande importância para os usuários, como é o Hospital do Servidor, em construção no Parque Acalanto e que deve ficar pronto em meados do próximo ano.
Ele vê com bom humor a situação um tanto curiosa de suceder a outro Taveira — José Taveira, hoje presidente da Saneago — no comando do instituto. Algumas pessoas chegaram a dizer que ele seria sobrinho do antecessor. Outros, desavisados, diziam que seria neto (por conta de seu nome). Ele explica: “Somos parentes, mas não tão próximos quanto a oposição gostaria que fôssemos”, brinca Taveira Neto, dando uma risada, com a situação. Na verdade, eles são primos em grau distante, descendentes de Benício Taveira, nome importante da política de Niquelândia e do Norte do Estado.
Elder Dias — Como foi a trajetória do sr. até o comando do Ipasgo?
Minha atuação profissional no TCE foi uma grande escola, porque, como tem por objeto de atuação o controle dos atos da administração, é um importante laboratório para a área de gestão. Em 2001, ainda no tribunal, passei em um concurso para gestor público, no cargo de gestor de finanças e controle. Ingressei, portanto, em um cargo de carreira, àquela época da hoje extinta Aganp [Agência Goiana de Administração e Negócios Pú¬blicos], depois passando à Secretaria da Fazenda, Segplan [Secretaria de Gestão e Planejamen¬to] e hoje está com a Controladoria-Geral do Estado (CGE). Depois de muitos anos, voltei ao Executivo, trabalhando na área de Controle Interno.
Veio, então, essa possibilidade de o governador cumprir um compromisso da campanha de 2010, que era entregar a gestão do Ipasgo ao servidor público, até porque os recursos que dão ensejo às despesas assistenciais, em maciça maioria, provêm das contribuições dos servidores e de seus agregados. Entre a posse do governador, em janeiro de 2011, e a minha chegada ao Ipasgo, houve uma diretoria que tinha por missão reequilibrar as finanças do Ipasgo para, então, fazer essa transição. À época, o presidente foi José Taveira, que compôs sua diretoria com Sebastião Ferro, Múcio Bonifácio e Fausto Pontes, entre outros. Eles fizeram um ajuste fiscal bastante austero. O Ipasgo devia o equivalente a seis parcelas de despesas mensais — para ter ideia de como isso é complicado, é como um pai de família que deve seis vezes o que ganha por mês.
Com um ano e meio de atuação, José Taveira entregou sua missão cumprida. O Ipasgo estava de volta aos trilhos, com equilíbrio econômico e financeiro, negociando o passivo e parcelando os pagamentos antigos e mantendo em dia os compromissos recentes. Nessa circunstância, o governador Marconi abriu aos servidores uma etapa de negociação capitaneada pelo então secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci (PSDB), hoje deputado, que, em diálogo com as entidades, sugeriu o encaminhamento de uma lista em que constasse nomes de cinco servidores para presidir o instituto, para que o governador escolhesse um deles. O Fórum de Defesa dos Servidores, que congrega 50 entidades sindicais, fez um debate com os candidatos ao Ipasgo, que tinham levado seus currículos aos respectivos sindicatos. No meu caso, o Sindigestor, a que eu pertencia, fez uma assembleia específica e fui sabatinado pela diretoria por mais de duas horas, para sentirem segurança na indicação de meu nome. Tive a aprovação e, depois disso, meu nome foi levado e fiquei entre os cinco nomes levados ao governador, que, por fim escolheu meu nome. Fui nomeado em 3 de setembro de 2012 e tomei posse dez dias depois.
Frederico Vitor — E o começo no Ipasgo, foi de adaptação?
Foi o momento de conhecer de perto a realidade. Eu conhecia a instituição como controlador e não como gestor, a partir da leitura de relatórios produzidos na época do TCE e do Controle Interno. Preciso ressaltar que, para ocupar a Di¬retoria de Saúde, convidei um outro representante dos servidores que havia figurado na lista quíntupla comigo, o dr. Rogério Cândido da Silva, ex-presidente do Sindifisco e que, para o bem do Ipasgo, atendeu ao convite e veio integrar a equipe ao lado do dr. Sebastião e do dr. Fausto. É a diretoria, que considero bastante competente e comprometida, que ainda hoje comanda o Ipasgo e que foi agora reconduzida pelo governador Marconi Perillo.
Fizemos várias reuniões e, realmente, o Ipasgo já estava equilibrado do ponto de vista econômico, iniciando o cumprimento do prazo contratual de suas contas, que é de 60 dias a contar da entrega da fatura pelos prestadores. Iniciamos um trabalho de contenção ainda maior, tapando alguns ralos.
Ao mesmo tempo, também começamos a missão de atender com excelência nosso usuário. Havia um problema muito sério na área de pediatria. O Ipasgo ocupava a cena na imprensa de maneira negativa, porque as mães não encontravam nenhum local, ne¬nhum pronto-socorro para atender seus filhos pelo Ipasgo. Isso ainda era resultado da crise de 2010, enfrentada no ano seguinte, mas que não tinha tido solução ainda para o caso dos pediatras.
Marcos Nunes Carreiro — E qual foi a resolução para isso?
Começávamos a ter pequenas sobras mensais que nos permitiram corrigir distorções. Na pediatria, os hospitais grandes se negavam a nos atender, argumentando que o Ipasgo pagava pouco e atrasado. Após constatar que o grande problema na área era a questão do pronto-socorro — porque até os grandes hospitais têm apenas um ou dois médicos de plantão —, tivemos uma reunião com a Sociedade Goiana de Pediatria para buscar uma solução.
Cezar Santos — Há mesmo uma falta de pediatras em Goiânia?
É uma área complexa. Mas a grande barreira era o Cremego [Conselho Regional de Medicina], que queria impor à consulta um único valor para todas as especialidades. Fundamentamos juridicamente, com nossa equipe, para afirmar que era razoável pagar diferentemente algumas especialidades que demandam mais do profissional. A consulta pediátrica é diferenciada. Se um sujeito chega com dor de estômago, o médico vai atendê-lo em cinco minutos, pedir uma endoscopia e passar uns medicamentos. Só no retorno, com o exame realizado, é que ele vai poder indicar a terapia. São, portanto, consultas rápidas e com diagnóstico feito com auxílio de exames e imagens.
No caso da pediatria, uma consulta tem a pesagem e a medição da criança; então o médico vai examinar a garganta, o trato respiratório, ouvidos. É uma consulta de exames clínicos, porque só em casos extremos o pediatra vai pedir exames invasivos em uma criança. O cuidado e o prazo de consulta são muito maiores. Entendemos que era razoável pagar diferentemente quem atende diferentemente. Elaboramos uma portaria que majorou os valores pagos aos médicos. São poucos os pediatras? Hoje talvez sim, mas, no momento atual, parece haver um movimento de maior procura dos novos formandos pela pediatria, por ter uma demanda grande e poucos profissionais. Mas, realmente, em um passado próximo houve uma procura pequena pela área, justamente por entenderem que a remuneração não era atraente. Resolvemos, então, em uma nova arquitetura de contratações, pagar pelo plantão médico adicionado às consultas que o médico atendesse. Con¬seguimos um parceiro da iniciativa privada disposto a manter sua estrutura 24 horas aberta. Temos desde então um pronto-atendimento infantil funcionando em tempo integral com dois médicos e com exclusividade para pacientes do Ipasgo.
Vocês, profissionais da imprensa, devem ter notado que o ruído sobre pediatria foi zerado ou pelo menos diminuiu consideravelmente. De 96% a 97% dos casos que chegam a essa nova clínica são resolvidos lá mesmo [a clínica fica na Avenida B, número 765, Setor Oeste, aos fundos do Hospital Geral de Goiânia]. É um altíssimo grau de resolutividade, que deixa no máximo 4% como demanda para internação ou cirurgia, o que está sendo feito mediante regulação, principalmente com o Hospital Infantil de Campinas, que também aceitou voltar a atender-nos nesse novo formato.
Elder Dias — O sr. pegou o Ipasgo em uma situação financeira e fiscal estáveis. E hoje, como está?
Fiscal, sim, mas a situação financeira ainda não havia, em termos de grandes sobras de dinheiro em caixa. Hoje, graças a esse esforço permanente, temos caixa suficiente para dois meses de despesas assistenciais.
Elder Dias — O pai de família então, teria dois meses de salários guardados?
(risos) Sim, hoje o “pai” Ipasgo tem uma poupança no banco suficiente para caso fique desempregado por dois meses.
Frederico Vitor — Desde que assumiu, qual foi o grande desafio financeiro que o sr. enfrentou no Ipasgo?
Um grande desafio no controle de gasto é que no momento em que se normaliza o serviço, tem-se um aumento de demanda. Se não houver controle, faltarão recursos para cobrir. O Ipasgo não conta com fontes outras de receita, é só o que arrecada dos servidores. Usando uma expressão corriqueira, o Ipasgo viveu durante muito tempo o chamado “voo de pica-pau”, ou seja, oscilante, com altos e baixos. Aumenta a receita e equilibra as contas, aí volta a cair. Quando cai o atendimento, a receita passa a ser suficiente de novo, porque tem pouca fatura, tem poucos médicos atendendo, então volta a ter dinheiro. Por isso, o grande desafio é ter esse equilíbrio.
Elder Dias – E conseguiram estabilizar essa linha?
Com certeza. Nossa curva de despesa hoje já nos permite quase antecipar na casa decimal o que vamos gastar no mês seguinte, comparando com os exercícios anteriores. Há sazonalidades, por exemplo, nos meses de férias, quando os pais levam as crianças ao pediatra, os adultos aproveitam para fazer check-up etc. Aí aumentam as despesas e temos de estar preparados para isso.
Marcos Nunes Carreiro — O Ipasgo tem conseguido fazer alguns investimentos. Eles estão sendo focados em quais áreas? Em que o Ipasgo está investindo?
Muito boa questão. Considero que 80% dos serviços nós conseguimos realizar com facilidade na rede privada. Ocorre que 10% em uma ponta e 10% na outra em que precisamos estar de olho sempre aberto. Refiro-me a serviços que as empresas privadas não têm interesse em prestar para o Ipasgo e outros planos e, neste caso, estamos falando de especialidades clínicas como pediatria, geriatria, reumatologia, endocrinologia, alergia etc., das quais não raramente nossa ouvidoria registra queixas de usuários que não têm encontrado profissionais para atender consultas. Nós estamos, no prazo de 90 dias, pretendendo inaugurar o Centro de Especialidades Médicas do Ipasgo — nome provisório, para o qual internamente faremos um concurso indicando nome definitivo —, cujo prédio será nosso e teremos um regime de profissionais com exclusividade para atender os nossos usuários, nessas especialidades. Já estamos em negociação bastante adiantada com este segmento. Essa parte é aquela dos serviços que são prestados com baixa qualidade porque pagamos pouco. Então, a receita será pagar mais para atrair esse profissional, a exemplo do que fizemos com a pediatria.
Na outra ponta, existem serviços que nos são prestados com qualidade satisfatória, porém custando muito aos nossos cofres. E aí então me refiro ao diagnóstico por imagem, à oncologia. Goiânia tem um dado assustador e alarmante: é a cidade brasileira que tem o maior índice disparado de número de tomógrafos e ressonâncias por habitante. Ou seja, há uma profusão muito grande de estabelecimentos atuando nesse segmento, altamente lucrativo. A classe médica goiana gosta muito do diagnóstico por imagem e essa ciranda faz com que tenhamos de ter uma atenção muito especial para que isso não tome mais valores mensais do que tem tomado do Ipasgo.
Esperamos progredir na gestão a partir de serviços próprios, seja com o ambulatório de especialidades ou com o grande hospital que estamos construindo no Parque Acalanto [região sul de Goiânia], uma unidade de 215 leitos e, entre estes, leitos de UTI, UTI pediátrica, apartamento e enfermaria. Praticamente será um hospital geral. Ainda assim, jamais teremos a pretensão de tomar o mercado. São 600 mil vidas sob os nossos cuidados, um número eloquente e que já deixa claro que, mesmo que houvesse uma pretensão, seria loucura o Ipasgo querer tomar a prestação direta de todos esses serviços.
Continuamos enxergando a iniciativa privada como fundamental nessa relação. Ainda ontem, eu recebi a Associação dos Hospitais de Alta Complexidade, com quem abrimos uma negociação para tentar melhorar os valores dos medicamentos que nós lhes pagamos. Eles expuseram uma realidade de muita dificuldade. Não é novidade para ninguém que vivemos um momento de dificuldade, de restrições, de crise anunciada e vivida até, o que nos impõe um diálogo permanente para que eu não sufoque o meu prestador a ponto de ele não conseguir trabalhar para mim, mas, também, que não me sufoque na majoração desses honorários. É uma relação de absoluto reconhecimento um do outro.
Grandes hospitais de Goiânia vendem 60% dos seus serviços ao Ipasgo. Quer dizer, nós significamos muito no faturamento dessas organizações. Por outro lado, sabemos que é muito importante mantê-los com o pronto-socorro aberto, para que nossos usuários encontrem atendimento nas horas de dificuldade. A nossa atuação em um serviço próprio, seja no ambulatório de especialidades ou na construção desse hospital, é apenas para regular o mercado, intervir e balizar preços, para que não comprometam as finanças do Ipasgo e cobrindo clarões que a iniciativa privada não quer atender.
Elder Dias – Esse hospital, então, será uma espécie de mecanismo regulador do mercado pelo Ipasgo?
Sem dúvida. Nele, serão priorizadas aquelas especialidades que estão em falta e as que nos custam muito caro. A exemplo de imagem. Hoje, se diz muito do PET-scan ou PET-CT [“tomografia por emissão de pósitrons”, em inglês], que são equipamentos que conjugam tecnologia de diagnóstico por imagem e medicina nuclear para diagnosticar a hipótese recidiva de câncer, por exemplo. Como a ANS [Agência Nacional de Saúde] incluiu esse exame no rol de atendimento para pessoas acometidas com câncer de mama, por exemplo, o número de pedidos de PET-scan aumentou muito, e sabemos que esse exame custa muito caro. Nós queremos ter o nosso equipamento para poder regular o mercado e não deixar de atender nossos usuários.
Marcos Nunes Carreiro – Quando o sr. fala de exames, de atendimentos que custam caro ao Ipasgo, o sr. fala sobre quanto em valores?
Nós gastamos com diagnóstico por imagem aproximadamente de R$ 9 a R$ 10 milhões por mês. São números, de fato, impactantes. Enquanto temos uma despesa que gira em torno de R$ 70 milhões mensais — a despesa assistencial, da rede —, temos uma despesa com diagnóstico por imagem na ordem de R$ 8 a R$ 10 milhões. Temos uma despesa com laboratórios, que fica na faixa de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões por mês. A medicina diagnóstica gasta uma parcela considerável das nossas receitas.
Marcos Nunes Carreiro – O sr. espera reduzir isso para quanto, com a inauguração dessas unidades do Ipasgo?
Como eu disse, não há intenção de redução imediata de gastos. Às vezes, no objetivo de reduzir gastos, o que pode ocorrer é uma restrição do atendimento de nosso usuário e não é isso que queremos, jamais. Queremos, no caso, que esse gasto não dispare, que não alcance índices que comprometam a saúde financeira da organização. Inicialmente, nosso propósito é intervir de maneira a gerar equilíbrio. Uma das missões institucionais do Ipasgo é promover a inclusão de novos procedimentos, porque a medicina evolui a todo momento e os tratamentos evoluem muito tecnologicamente. Temos de promover a inclusão desses novos tratamentos com sustentabilidade. Obviamente, não dá para oferecer tratamento de ponta como oferecem os principais hospitais de São Paulo, porque não teríamos condições técnicas nem econômicas para isso, mas temos de oferecer o quanto for possível.
Cezar Santos – Qual é a perspectiva para esse ano em termos de expansão de oferta de especialidades e de unidades de atendimento?
A população de usuários do Ipasgo não tem sofrido alteração em seu quantitativo, nos últimos quatro ou cinco anos. Está estabilizada em um número em torno de 600 mil vidas, ora um pouco menos, ora um pouco mais. Às vezes, a pessoa entra em regime de inadimplência e se desliga, mas depois volta. Então, é comum que esse número flutue. Nós, portanto, não estamos crescendo, de modo a abrir credenciamento para novos profissionais. Lançamos um edital em 2013 em que mil interessados se inscreveram no processo. Desses, nós já incluímos mais de 200 profissionais, embora para algumas especialidades não tenha havido interessados — estamos falando de pediatria, reumatologia, enfim. Se me perguntarem: há uma perspectiva de expansão, de crescimento? É como eu disse há pouco: em diagnóstico por imagem, por exemplo, não há necessidade de credenciar nenhum serviço de imagem em Goiânia nos próximos 20 anos, no ponto de vista de necessidade da organização.
Contudo, é preciso reconhecer que o Ipasgo é um braço de fomento da economia da área médica em Goiás e teremos de usar de criatividade e também de mecanismos de controle para não deixar as portas vedadas. A cidade, às vezes, se expande para um lado em que não há prestação de certos serviços e precisamos olhar isso também. Logo, é possível que se crie a necessidade de novos credenciamentos. Porém, usando do critério de não nos comprometer. Há um dado muito preocupante na gestão da saúde: a literatura internacional dos planos de saúde indica que 50% dos serviços prestados em saúde não decorrem da necessidade dos pacientes, mas por indicação de médicos ou de outros profissionais da área de saúde. E isso é um dado alarmante que nos impõe restringir a expansão da rede, porque serviço credenciado é despesa gerada. Se eu credenciar uma nova clínica, ela vai achar uma forma de buscar o paciente e de estimular consultas. “Mas, presidente, quanto mais profissionais, melhor para o paciente”, você pode dizer. Essa é uma máxima que, se olhada de forma caolha, tem sentido, mas quando olhamos os efeitos que isso pode trazer no ponto de vista econômico, vemos que pode comprometer toda a organização.
Eu tenho recebido muitas pessoas interessadas em abrir novos serviços. Muitas já foram cadastradas no passado, mas devido às crises, optaram por não mais atender pelo Ipasgo e agora querem voltar, porque veem que estamos pagando bem e em dia. Têm algumas pessoas que já têm duas máquinas cadastradas pelo Ipasgo e querem colocar uma terceira. Todo mundo quer progredir na vida, quer ganhar mais, é natural. A elas, costumo dizer: “Veja bem, o Ipasgo é uma galinha dos ovos de ouro. Se nós sufocarmos a galinha, você não terão os ovos de ouro.”
As pessoas têm de saber que o sistema deve ser rígido. Temos de nos valer do regime de impessoalidade e nos lembrar de que somos uma autarquia, sujeita ao regime de direito público e às regras de licitação e contratos. E, neste ano, deveremos lançar uma nova modelagem da relação do Ipasgo com seus prestadores, com ênfase na qualidade. Já que temos um número maior de gente querendo entrar do que de gente querendo sair, devemos usar essa força em nosso favor. Essas 600 mil vidas devem servir para separar o joio do trigo e remunerar melhor aqueles melhor nos servem. Esse é o propósito para a reformulação dos contratos deste ano. Vamos descredenciar aqueles que não atendem ou não o fazem no nível de qualidade por nós aceito. E vamos privilegiar aqueles que atendem dignamente nosso usuário.
“Obra do hospital do Ipasgo tem 100% de recursos próprios”
Frederico Vitor — O Ipasgo então está conseguindo se estabilizar, de fato?
Sim, estamos conseguindo manter a carteira e, às vezes, até crescer um pouquinho. O Ipasgo tem feito convênios com as prefeituras. A legislação que disciplina sua ação autoriza o instituto a também fazer convênios com outros entes da Federação, inclusive com o governo federal. A UFG, por exemplo, é conveniada conosco, assim como alguns órgãos de representantes federais.
Cezar Santos — A prefeitura de Trindade, por exemplo, aderiu ao convênio.
Bem lembrado. E nesse ponto é importante ver a postura suprapartidária do governador Marconi Perillo. Quando cheguei ao Ipasgo, eram 57 prefeituras conveniadas. Hoje, já são mais de 90. Entre elas, temos Aparecida de Goiânia e Anápolis [administradas por oposicionistas ao governo]. Isso mostra que temos uma postura que realmente visa o colaborador. Como isso funciona? Os municípios oficiam uma declaração de seu interesse de ser conveniado, primeiramente. Nós, então, encaminhamos uma equipe até o município, que esclarece aos gestores municipais os formatos possíveis desse convênio. Há prefeituras que subsidiam parcelas dessa contribuição, outra não. Apresentamos a rede prestadora — na região metropolitana de Goiânia e nas regiões desses municípios — e então é feita uma reunião geral em um auditório com os servidores locais, na qual explicamos as modalidades de vínculos das famílias e agregados. Escla¬recido tudo isso, os servidores começam a fazer a adesão e nós levamos o Ipasgo para o interior.
É uma determinação do governador que façamos essa interiorização e que sejamos indutores da economia local na área de saúde. Vou dar um exemplo impactante: Itaberaí. A cidade tem hoje aproximadamente 50 mil habitantes e não tem um grande hospital privado com parque de diagnósticos de média e alta complexidade — a iniciativa privada enxerga o hospital público como ameaça, pois as pessoas acabam indo mesmo ao pronto socorro, o que faz com que não haja demanda no setor. Mas quando o Ipasgo aparece com 2 mil, 3 mil vidas, isso é, sem dúvida, um estímulo ao prestador de serviço privado, que enxerga chance de investimentos. É claro que, às vezes, enfrentamos blindagens de outras organizações em algumas cidades. Há municípios em que a Unimed local proíbe os médicos de atender Ipasgo. Isso nos traz uma dificuldade muito grande, porque nosso usuário terá de procurar outras cidades para ser atendido. Temos enfrentado isso e conseguimos, por exemplo, entrar em Jataí, que hoje tem um hospital franciscano atendendo pelo Ipasgo e até com registros elogiosos da população local, o que nos deixa estimulados a enfrentar outras praças.
Elder Dias — Como é essa disputa pelo mercado com a Unimed? Em que parâmetros isso acontece?
Primeiro é preciso deixar claro: há uma diferença muito grande entre a Unimed Goiânia e as Unimeds chamadas singulares. Temos uma relação de respeito, ótima, até de aproximação com a Unimed Goiânia e sua equipe, coordenada pelo dr. Sizenando da Silva Campos Jr. Temos, inclusive, negociações conjuntas em alguns segmentos. É o caso da anestesiologia, um segmento delicado e organizado em cooperativa, com a qual, se não houver uma negociação exitosa, pode parar todos os atendimentos cirúrgicos. É complicado isso.
Negociamos também, Ipasgo e Unimed Goiânia, a questão de stents e de hemodinâmica. Finali¬zamos uma negociação conjunta também com a urologia. No interior, a coisa se acirra porque o número de médicos diminui e, às vezes, eles são os próprios gestores da Unimed singular de determinada cidade. Eles, então, simplesmente entendem que o Ipasgo pode ser uma ameaça para a cooperativa deles e blindam, de modo que oferecem valores de consulta melhores, ou impõem que, se o profissional atender pelo Ipasgo ele será descredenciado. São condutas típicas de proteção de mercado e que mereceram, em algumas oportunidades, o rigor do Cade [Conselho Adminis-trativo de Defesa Econômica], ligado ao Ministério da Justiça, e que é responsável pelo estímulo à livre concorrência. Figuras clássicas de outros setores econômicos, como dumping [prática comercial de vender produtos abaixo de seu valor justo] e cartéis, também existem no meio médico e nosso papel é cuidar para que essas coisas não comprometam o atendimento dos nossos usuários.
Elder Dias — Quanto custará a construção do hospital do Ipasgo e com que tipo de financiamento ela está sendo conduzida?
Inicialmente, é preciso deixar claro que o Ipasgo é uma entidade integrante da estrutura do Poder Executivo estadual. É uma autarquia. Uma pessoa jurídica de direito público, integrante da administração, assim como o Detran, a Junta Comercial de Goiás e a Agetop [Agência Goiana de Transporte e Obras], por exemplo. O que nos diferencia, de fato, é a origem desses recursos, que são classificados como públicos na medida em que ingressam e estão sujeitos ao regime de direito público, mas a natureza deles é toda privada. O Ipasgo não é mais imposto a ninguém, é facultativo. Tem Ipasgo quem quer ter Ipasgo. Embora esse recurso integre o orçamento geral do Estado, dentro do Sistema de Execução Orçamentária Financeira do Estado (Siof), o Ipasgo tem sua autonomia. Embora seja uma autarquia comum, o governador vem honrando o compromisso de manter na administração um representante dos servidores públicos. O hospital do Ipasgo está sendo construído com recursos 100% próprios, hauridos da contribuição dos servidores e usuários. Não há subvenção, fundo perdido, convênio com a União, nada disso.
Elder Dias — Há empréstimos?
Não há empréstimos. Ao contrário, o Ipasgo hoje tem receitas de aplicações financeiras. Ao invés de tomarmos emprestado, na realidade investimos pequenas sobras que não comprometem o fluxo de caixa. O hospital vai ter aproximadamente 23 mil metros quadrados de área edificada a um custo aproximado de R$ 64 milhões. Esse valor, quando comparado a outras obras públicas congêneres, mostra que estamos abaixo da média praticada. Vamos ter muito rigor na execução desta obra. O recurso dos servidores é cuidado com muito carinho e dedicação por mim.
Olho para os meus colegas de cabeça erguida e digo que está sendo levada muito a sério a aplicação desses recursos. São as pequenas sobras que nós conseguimos acumular porque tapamos os ralos. São essas sobras que estão nos permitindo sonhar com a edificação do hospital. Vale lembrar que o Hospital do Servidor foi paradigmático no passado. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro têm o hospital do servidor público geralmente como referência. São hospitais que funcionam em parceria com universidades e que têm residências médicas e várias especialidades. O hospital de São Paulo é referência em vários serviços. Esse é um sonho do funcionalismo goiano de longa data e que era para ter sido construído inicialmente lá onde hoje é o Centro de Convenções, a área da antiga Santa Casa de Misericórdia. Aquele terreno [no Centro] chegou ser adquirido pelo Ipasgo, mas o projeto não evoluiu. Na década de 80, os servidores chegaram a colaborar com dinheiro extra — além da parcela, mais 1% da remuneração por mês, para formar o fundo de construção do hospital. Isso quer dizer que o que no passado não pode ser entregue mesmo com esse acréscimo, hoje temos a alegria de anunciar como resgate de um compromisso sem nenhum ônus adicional. É resultado de nossa racionalização dos gastos.
Cezar Santos — Quando a obra será entregue quando?
A execução da obra começou em janeiro e está prevista para 16 meses. Esperamos que em meados do ano que vem essa obra esteja terminando para, em seguida, a equiparmos e colocarmos em funcionamento. Em relação ao modelo de gestão, estamos em conversas com a PUC-GO, que manifestou interesse em parceria como hospital-escola. Conversei também com o dr. Gonzalo Vecina, responsável pelo braço filantrópico da organização Sírio-Libanês em São Paulo, que virá a Goiânia em abril. Ele faz a gestão de duas unidades na periferia de São Paulo, em regime de organização social (OS).
Nós pretendemos dialogar com organizações de altíssimo nível para então escolher como se dará essa gestão. Uma coisa nós temos por certo: aquele modelo clássico de tocar o almoxarifado com a Lei 8.666, com aquela burocracia típica da administração e contratar pessoal pela via do concurso nós sabemos que é uma receita que não dá bons frutos. Queremos caminhar na mesma trilha das OSs nos hospitais estaduais, que não estão mais amarrados aos entraves do modelo clássico e apresentam resultados satisfatórios do ponto de vista da qualidade do atendimento à população.
Elder Dias — Então o hospital do Ipasgo será gerido por uma OS?
Não diria que será uma OS, mas não descartamos isso. Mas há a hipótese de um convênio clássico com uma organização eminentemente filantrópica, como é o caso da Igreja Católica por meio da PUC-GO.
Cezar Santos — Mas uma busca por uma parceria com a UEG [Univer-sidade Estadual de Goiás] não seria interessante?
Também estamos pensando sobre isso com alguns integrantes do governo. Isso também não é des¬cartado. Sabemos que a criação de uma faculdade de medicina não é al¬go simples, demanda variáveis mui¬to grandes, e nós não podemos esperar.
Marcos Nunes Carreiro — É comum famílias afirmarem que com idosos as despesas médicas e com medicamentos se tornam mais altas. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a saúde tende a ficar mais cara?
Não tenha dúvida, a população tem ficado mais idosa e essa fatia tende a gastar mais. Mas temos de ficar atento para conter o gasto, sem perder a qualidade no atendimento. Quando olhamos para a pirâmide de usuários, encontramos várias faixas etárias e poucas pessoas entre 20 e 50 anos usando muito pouco o plano. Geralmente, a mulher usa na ginecologia, na obstetrícia e pouco mais. O homem, menos ainda, geralmente apenas quando ocorre um sinistro [doença ou outra ocorrência médica]. Essa parte colabora de forma solidária com o sistema.
A população idosa acaba gastando mais do que ela coloca como receitas. Mas isso é assim mesmo que funciona, e no mundo inteiro, o sistema é solidário. Existe no Ipasgo um programa de atenção aos idosos e aos portadores de patologia de doenças crônicas. Por enquanto, a análise da carteira e a busca pelo paciente são feitas pelo gasto. Se temos um idoso fazendo pneumonia de repetição, sendo internadas várias vezes, baixando à UTI, fazendo muito exame, ele aparece no sistema como usuário gastador. Então, mandamos uma equipe em casa, é feita uma entrevista com ele e são oferecidos cursos de orientação ao cuidador e à família, para que, em relação a esse paciente, em casos como inapetência e febre, a família comunique tudo de imediato. Destacamos uma equipe de imediato até a casa do paciente e conseguimos tratar esse usuário mais cedo e com atenção mais rápida. A família fica muito satisfeita porque conseguimos evitar a ida ao hospital e ele vai gastar menos, o que é muito bom para o sistema. Esse é um programa de gerenciamento de casos crônicos, que também vale ao hipertenso e ao diabético.
Elder Dias — Esses programa é sistematizado?
Tem uma portaria normativa, aliás bastante elaborada. Todas as vezes que recebemos visitas e mostramos esse programa, é motivo de elogio. Temos mais de 2 mil vidas acompanhadas, algo em torno de 0,5% da carteira. Há um dado assustador: 2% dessas 600 mil vidas de que o Ipasgo cuida — estamos falando de 12 mil pessoas — gastam 20% da arrecadação. São pacientes oncológicos, de hemodiálise e os que colocam prótese na coluna ou stent. Se deixo “solto” um paciente que colocou stent, sem fazer o acompanhamento de nutricionista e de fisioterapia, provavelmente, se for indisciplinado, vai voltar a ter outro sinistro. Mas, se eu acompanhá-lo, vai se sentir privilegiado e o atendimento estará mais humanizado e ele não vai mais se sinistralizar.
Elder Dias — A pessoa pode também solicitar inclusão nesse programa?
Pode também, a gente tem a hipótese de demanda espontânea. Ele vai se submeter a um check-list, uma entrevista, para ser incluído. O programa tem vários níveis, desde o gerenciamento de doença e passando pelos crônicos em três níveis — aí a gente verifica se tem doença respiratória a merecer oxigênio em casa, se tem dificuldade motora ou visual. E vamos acompanhar se ele vai diminuir seus gastos. Se isso não ocorrer, vamos puxar a orelha da empresa que está prestando o serviço, porque há um duplo viés: oferecer atendimento humanizado e gerar economia ao sistema.
Cezar Santos — Como é o tratamento oncológico pelo Ipasgo?
Quando chegamos lá em 2012, o paciente tinha direito a 100% de tratamento pelo Ipasgo somente em caso de procedimento cirúrgico. Os tratamentos quimioterápico e o radioterápico tinha coparticipação, porque eram considerados tratamento ambulatoriais. Coparticipação é um instrumento para que haja uso moderado do plano por parte dos usuários. Quando chegamos, o tratamento de radioterapia e de quimioterapia ensejava coparticipação. Isso significava, por exemplo, que um professor de início de carreira ou um militar de baixa patente, sem salário tão alto e com diagnóstico de um câncer na família, poderia ter comprometido seu orçamento brutalmente.
Lançamos então um edital em 2013 procurando interessados em operar abaixo da tabela Ipasgo em regime de exclusividade. Em contrapartida iria garantir 100% do tratamento. E nós achamos três interessados. Dois desses nos atendem hoje, em regime de exclusividade. Isso nos gera uma economia de 15% da tabela e o Ipasgo banca essa diferença. Esse passo foi dado de 2013 para 2014, quando vivemos uma verdadeira inclusão. A coparticipação, que é para inibir, para moderar, estava sendo uma barreira. Havia gente indo para o SUS, pacientes do Ipasgo fazendo quimioterapia no Hospital Araújo Jorge, com verba do SUS, o que era lamentável, tínhamos de assumir essa responsabilidade. Foi uma inclusão verdadeira dessa população.
Agora, com o reajuste recente que foi feito, fizemos as contas e achamos que é o momento de anunciar isso também na radioterapia. Desde o dia 26 de fevereiro, então o paciente Ipasgo submetido à radioterapia não tem mais de pagar coparticipação. Para mim, se me perguntassem o que mais me realizou no período em que estou à frente do Ipasgo, sem dúvida eu afirmaria que é essa inclusão total do usuário no tratamento oncológico. Demos esse passo. Ninguém escolhe ter câncer e é uma doença muito séria, que abala toda a família.
Cezar Santos — No Setor Oeste, próximo à Praça do Sol, há uma unidade que presta serviços de imagem exclusivamente aos usuários do Ipasgo. Como funciona isso?
Essa unidade, do Laboratório Prado, entrou no mesmo edital da oncologia. Eles foram os únicos da imagem que entraram nesse regime de exclusividade e atendem na parte de ultrassom, ecodoppler, exames de fluxo sanguíneo, além de ressonância de campo aberto. Os exames ficam mais em conta para os usuários do Ipasgo, por causa da exclusividade. Uma tomografia, em que se pagaria 200 reais, o usuário paga 60 reais lá.
Marcos Nunes Carreiro — A imprensa tem mostrado muitos problemas em relação às órteses e próteses, em que há muita irregularidade, falcatruas mesmo, com assédio a médicos para forçar os procedimentos e coisas assim. Como funciona isso no Ipasgo?
Essa situação precisava ser e agora vem sendo enfrentada no País. O que acontece é uma ciranda construída por maus hábitos da classe médica, principalmente em considerar que as remunerações indiretas [remuneração “por fora”] são legítimas. O procedimento para colocar no paciente um stent farmacológico [recoberto com sais que evitam o enrijecimento das coronárias] custa aproximadamente R$ 18 mil ao Ipasgo. E R$ 12 mil é o valor do stent, mas todos sabem — e o programa “Fantástico” mostrou isso [o programa da Rede Globo vem exibindo uma série de reportagens mostrando as irregularidades cometidas por distribuidoras, hospitais e médicos nessa área] — que boa parte disso vai para o hospital e para o médico. Sabe-se também que há uma banalização dos honorários por parte dos planos de saúde. Não é razoável imaginar que um médico que estudou seis anos, fez dois anos de cirurgia, e às vezes foi para a Europa se especializar durante mais uns dois anos, receba R$ 600 de honorários para colocar um stent. Em Goiás, nós e a Unimed Goiânia estamos em negociação para acabar com isso, no sentido de baixar o valor da prótese e remunerar diretamente o profissional. É melhor pagar a metade pelo stent e remunerar bem o profissional. Há de se valorizar o ser humano que está por trás disso e não um artefato de plástico. A realidade é que há um estímulo ao segundo stent, porque paga-se muito por ele, ao passo que, se eu pagar bom honorário e pagar menos pelo segundo stent, não vão estimular essa prática.
Esse assunto tomou a agenda atual da gestão em saúde. Acho que falta por parte da classe médica uma tomada de negociação de honorários de forma mais autêntica: têm de acabar com essa remuneração por via indireta. São profissionais importantíssimos que fazem esses procedimentos, colocação de stents, de parafusos em coluna etc. Esses médicos detêm um conhecimento muito específico e às vezes são demonizados em reportagens que não alcançam esse outro lado, de que há uma banalização dos valores dos honorários por parte dos planos de saúde. Isso acaba estimulando essa ciranda maldita de remuneração indireta.
Marcos Nunes Carreiro – Da parte do Ipasgo, o que realmente tem sido feito nesse assunto?
Nós estamos “pacotizando” determinados procedimentos, vamos pagar a unidade hospitalar e ela vai dividir isso lá entre anestesista, hemodinamicista, o fabricante da prótese, enfim. A ideia é acabar com a hipocrisia de remuneração indireta. Para ter ideia do quanto essa reportagem do “Fantástico” repercutiu — hoje eu levantei esse dado —, nós tínhamos um gasto com órteses e próteses que foi reduzido em 20% em janeiro em comparação com dezembro. As matérias do “Fantástico” foram em janeiro. Acabamos de pagar o mês de janeiro. Então, vê-se que as matérias veiculadas em três finais de semana já repercutiram na conduta dos profissionais, que diminuíram a sede de colocar as próteses. Espero que em fevereiro não voltemos a ter um gasto tão elevado.
Frederico Vitor — Há total respaldo do governo para o trabalho que o sr. vem fazendo?
É algo que quero registrar o quanto o governador Marconi Perillo tem dado respaldo às nossas propostas, que às vezes são duras. Às vezes temos de dizer um “não” a um grande prestador de serviços que quer ampliar o atendimento em algum segmento, que a gente sabe que não é da nossa necessidade. Não é de interesse do nosso servidor, é interesse pessoal do prestador. E quando dizemos não temos todo o respaldo do governador, que tem o compromisso de sempre levar o Ipasgo saudável independentemente dos humores dos prestadores de serviço.(09/03/15)
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DIÁRIO DA MANHÃ

Aparelho desenvolvido no Brasil alivia dores da osteoartrose
Os sintomas da osteoatrose incluem: deformidades ósseas, processo inflamatório, edema, rigidez e instabilidade articular, diminuição da amplitude de movimento, fraqueza muscular, entre outros

Camila Boehm,Agência Brasil

Estudo do Instituto de Física de São Carlos associou duas técnicas, o ultrassom e o laser, em um aparelho capaz de acelerar a reparação dos tecidos e apresentar efeito anti-inflamatório e analgésico.
Pesquisadores, orientados por Alessandra Rossi Paolillo, provocaram dor em camundongos e ratos. Houve tratamento com laser, outro apenas com ultrassom e um terceiro com a união dos dois. O grupo tratado com a associação das duas técnicas apresentou o melhor resultado tanto no alívio da dor quanto no relaxamento muscular.
O aparelho, desenvolvido por Vanderlei Salvador Bagnato, pode ser usado na reabilitação de lesões decorrentes do trabalho e do esporte, além de doenças articulares e nos tendões.
O foco da pesquisa foi reduzir a dor da osteoartrose, que é uma doença das articulações, caracterizada pela degeneração da cartilagem, podendo atingir a região dos joelhos, quadril, coluna vertebral, tornozelos, pés, ombros, cotovelos e mãos.
Os sintomas da osteoatrose incluem deformidades ósseas, processo inflamatório, edema, rigidez e instabilidade articular, diminuição da amplitude de movimento, fraqueza muscular, entre outros. A doença causa dor nos pacientes e dificuldades em atividades do dia a dia.
Para proporcionar mais qualidade de vida a mulheres da terceira idade, o grupo fez testes clínicos nas mãos e nos joelhos das pacientes. “Os principais resultados foram o alívio da dor e o aumento da funcionalidade da mão e dos membros inferiores. Constatamos os benefícios usando um equipamento, chamado algômetro, que avalia o limiar de dor, além de testes de função de mão e de joelho”, explicou a pesquisadora Fernanda Rossi Paolillo, irmã de Alessandra, a coordenadora.
Em um dos casos, uma paciente reabilitou a mão e passou a praticar remo com o marido. Fernanda lembra que outras mulheres conquistaram mais independência nas atividades do dia a dia, como cozinhar, cuidar da casa e até bordar, além de fazer caminhadas e exercícios físicos.
Testes
Francisca Aparecida Milaré, de 61 anos, participou dos testes com o novo aparelho. Ela contou que sentia muita dor nos joelhos e chegou a ficar com a perna travada no meio da rua, sem conseguir se locomover. “Não dava mais para subir uma escada, apesar de eu fazer exercício, mas tinha que tomar anti-inflamatório forte, os mais fracos não resolviam mais”, disse.
Outra dificuldade, que ela enfrentava, era conseguir dormir, por não encontrar uma posição confortável, que não lhe causasse dor. “Tinha que deitar e a perna não descansava, tinha aquela dor que incomoda, põe travesseiro, muda de posição e não dormia”, relatou.
Depois do tratamento com laser e ultrassom, ela se diz muito satisfeita. “Muito bom. Eu tomava muito remédio e agora não tomo mais anti-inflamatório. Nossa! Você não imagina como é bom, viu? Melhorou muito meu joelho.”
Durante os testes, observou-se que o efeito do tratamento pode ser percebido nas primeiras aplicações da técnica. Mas alguns começam a sentir uma melhora entre três e cinco sessões, cada uma com duração de 15 a 30 minutos.
O aparelho é de fácil manuseio e pode ser transportado por uma só pessoa. “A simplicidade na aplicação e sua portabilidade permitem que os atendimentos não sejam só feitos em clínicas, mas também em domicílio”, disse a pesquisadora.
Além da reabilitação, o equipamento é apropriado ao tratamento estético e atende a pessoas com flacidez cutânea e gordura localizada, acrescentou Fernanda.
Os pesquisadores Herbert João, Jéssica João e Daniele Fernandes Frascá integraram o grupo que desenvolveu o novo aparelho. (09/03/15)

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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação 

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