Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 11/03/22

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Em dois anos, variantes da covid-19 e vacinas moldaram fases da pandemia

Governo de Goiás dá aval e Rogério Cruz e outros prefeitos anunciam liberação das máscaras

Caldas Novas desobriga uso de máscaras em locais abertos e fechados

Rio Quente suspende obrigatoriedade de máscaras em locais abertos e fechados

Cannabis Medicinal: importações e registros disparam, mas prescritores ainda são poucos

Gestão do Corpo Clínico em tempos de pandemia

AGÊNCIA BRASIL

Em dois anos, variantes da covid-19 e vacinas moldaram fases da pandemia

Brasília – A pandemia de covid-19 completa nesta sexta-feira (11/3) dois anos, e o sobe e desce das curvas de casos e óbitos ao longo deste período teve dois fatores como protagonistas: as variantes e as vacinas. Se, de um lado, esforços para desenvolver e aplicar imunizantes atuaram no controle da mortalidade e na circulação do SARS-CoV-2, do outro, a própria natureza dos vírus de evoluir, adquirir maior poder de transmissão e escapar da imunidade fez com que as infecções retomassem o fôlego em diversos momentos.

Moldada por essas forças, a pandemia acumula, em termos globais, quase 450 milhões de casos e mais de 6 milhões de mortes, além de 10 bilhões de doses de vacinas aplicadas e 4,3 bilhões de pessoas com duas doses ou dose única, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Integrante do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Raphael Guimarães explica que, ao se multiplicar, qualquer vírus pode evoluir para uma versão mais eficiente de si mesmo, infectando hospedeiros com mais facilidade. Quando a mutação dá ao vírus um poder de transmissão consideravelmente maior que sua versão anterior, nasce uma variante de preocupação.

“O que a gente vive dentro de uma pandemia é uma guerra em que a gente está tentando sobreviver, e o vírus também está tentando”, resume Guimarães. “Cada vez que a gente dá a ele a chance de circular de forma mais livre e tentar se adaptar a um ambiente mais inóspito, o que ele está fazendo é tentar alterar sua estrutura para sobreviver.”

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, acrescenta que impedir que um vírus sofra mutações ao se replicar é impossível, porque isso é da própria natureza desses micro-organismos. Apesar disso, é possível, sim, dificultar esse processo, criando um ambiente com menos brechas para ele circular. E é aí que as vacinas cumprem outro papel importante.

“A gente pode reduzir esse risco aumentando a cobertura vacinal no mundo inteiro. A Ômicron apareceu na África, que é o continente com menor cobertura vacinal”, lembra ele. Enquanto Europa, Américas e Ásia já têm mais de 60% da população com duas doses ou dose única, o percentual na África é de 11%. “Se a gente conseguir equalizar a cobertura vacinal nos diferentes países, a gente tem um menor risco de ter uma variante aparecendo dessa forma”, diz Chebabo.

É unânime entre os pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil que, se as ondas de contágio podem ser relacionadas à evolução das variantes, o controle das curvas de casos e óbitos se deu com a vacinação. A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo, afirma que é inegável o papel das vacinas na queda da mortalidade por covid-19 ao longo destes dois anos.

“No início, vacinaram-se os idosos mais velhos, para depois ir descendo por idade e para pacientes com comorbidades. E, se olhar no miúdo a interferência da vacina no número de mortes, fica evidente, a partir da vacinação desse grupo das maiores vítimas, uma queda coincidindo com o aumento da cobertura”, avalia ela, que também resume a pressão das variantes no sentido contrário, aumentando os casos: “Começamos no Brasil com a cepa original, depois a Gama começou a predominar, foi substituída pela Delta, veio a Ômicron, e esse balanço nas nossas curvas foi acompanhando justamente essas novas variantes que foram se espalhando pelo mundo.”

A pediatra considera que problemas na disponibilidade de vacinas no início da imunização e a circulação de variantes também levaram o Brasil a ser um dos países mais afetados pela pandemia de covid-19, com mais de 650 mil mortes causadas pela doença, o segundo maior número de vítimas do mundo, e uma taxa de 306 mortes a cada 100 mil habitantes, a segunda maior proporção entre os dez países que mais tiveram vítimas da doença.

“Se a vacinação tivesse começado mais cedo e com uma oferta de doses maior desde o início, com certeza o panorama que a gente vivenciou teria sido diferente. Mas, ainda que tenhamos atrasado o início e a disponibilidade de doses também tenha demorado, chegamos a coberturas tão boas ou até melhores que muitos países, inclusive com esquema completo”, afirma a diretora da SBIm.

Variantes de preocupação

Desde que o coronavírus original começou a se espalhar, a OMS classificou cinco novas cepas como variantes de preocupação. Mais sete chegaram a ser apontadas como variantes sob monitoramento ou variantes de interesse, mas não reuniram as condições necessárias para justificarem o mesmo nível de alerta. Para que as mutações genéticas do vírus sejam consideradas de preocupação, elas devem ter características perigosas, como maior transmissibilidade, maior virulência, mudanças na apresentação clínica da covid-19 ou diminuição da eficácia das medidas preventivas.

O padrão de batizar as variantes com letras do alfabeto grego foi uma alternativa adotada pela OMS para evitar que continuassem sendo identificadas por seu local de origem, como chegou a acontecer com a Alfa, a que veículos de comunicação se referiam frequentemente como variante britânica. Associar uma variante a um país ou região pode gerar discriminação e estigmas, justifica a organização, que acrescenta que essa nomenclatura também simplifica a comunicação com o público e é fácil de pronunciar em vários idiomas.

Gama

Virologista e coordenador da Vigilância Genômica de Viroses Emergentes da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca coordenou o trabalho que confirmou a existência da variante Gama, a que teve maior impacto na mortalidade da covid-19 no Brasil. Ele explica que, ao longo do tempo, o coronavírus adquiriu maior transmissibilidade ao acumular mutações que permitiram o escape de anticorpos, aumentaram a replicação e facilitaram a entrada nas células.

Com essas vantagens, as variantes Alfa e Beta causaram aumentos de casos e óbitos em outros países, mas não chegaram a se disseminar a ponto de mudar o cenário epidemiológico no Brasil. Por outro lado, o pior momento da pandemia no país, nos primeiros quatro meses do ano passado, está diretamente ligado à variante Gama.

“A Gama foi o nosso grande terror, porque foi o surgimento de uma variante de preocupação aqui antes que a gente tivesse iniciado a vacinação. Até a gente conseguir avançar, ela já tinha se espalhado”.

A disseminação da variante Gama causou colapso no sistema de saúde do Amazonas entre o fim de dezembro e janeiro de 2021. A sua disseminação pelo país levou à lotação das unidades de terapia intensiva em praticamente todos os estados ao mesmo tempo. O cenário continuou a se agravar até março e abril de 2021, quando a média móvel de mortes por covid-19 teve picos de mais de 3 mil vítimas diárias. Em 17 de março, a Fiocruz classificou a situação como o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil.

Iniciada em 17 de janeiro, a vacinação no Brasil ainda estava em estágio inicial durante a disseminação da variante Gama, e, quando o pico de óbitos foi atingido, menos de 15% da população tinha recebido a primeira dose. À medida que a vacinação dos grupos prioritários avançava, porém, a média móvel de mortes começou a cair no Brasil a partir de maio de 2021, e instituições como a Fiocruz chegaram a apontar uma queda na média de idade das vítimas de covid-19, uma vez que os mais velhos tinham cobertura vacinal maior que adultos e jovens.

Delta

Enquanto a curva da variante Gama descia no Brasil em maio, a variante Delta mostrava seu poder de transmissão na Índia desde abril e levava a outra situação de colapso que alarmava autoridades de saúde internacionais. Segundo dados da OMS, mais de 100 mil indianos morreram de covid-19 somente em maio, e a organização declarou a Delta uma variante de preocupação no dia 11 daquele mês.

A variante Delta se espalhou e diversos países como Indonésia, Estados Unidos e México tiveram altas na mortalidade entre julho e agosto. No Brasil, a vacinação dos grupos de risco e a recente onda da variante Gama produziram o que os pesquisadores chamam de imunidade híbrida.

“É a imunidade das vacinas somada à imunidade da infecção natural”, explica o virologista. “O problema da imunidade natural é que milhares de pessoas morreram. Não é algo que a gente possa pensar como uma estratégia, mas aconteceu. A gente não viu nem de perto o que aconteceu com a Gama acontecer com a Delta.”

Ômicron

Apesar disso, a variante Delta substituiu a Gama como a principal causadora dos casos de covid-19 no país ao longo do segundo semestre de 2021, e manteve esse posto até que fosse derrubada pela Ômicron. A última variante de preocupação catalogada, até então, teve seus primeiros casos identificados no Sul da África em novembro de 2021, e, a partir da segunda quinzena de dezembro, países de todos os continentes registraram um crescimento de casos em velocidade sem precedentes. Ao longo de todo o mês de janeiro de 2022, o mundo registrou mais de 20 milhões de casos de covid-19 por semana, enquanto o recorde anterior era de quase 5,7 milhões por semana, segundo a OMS.

Entre todas as variantes, a Ômicron é a que acumula mais mutações, garantindo uma capacidade de contágio muito maior que as demais. Além disso, explica Fernando Naveca, também é a mais capaz de escapar das defesas imunológicas, causando reinfecção e infectando pessoas vacinadas, ainda que sem gravidade em grande parte das vezes. Diferentemente da Gama, a variante supertransmissível encontrou um cenário de vacinação mais ampla, com mais de 60% da população brasileira com duas doses e dose única, e grupos de risco já com acesso à dose de reforço.

Antes da variante Ômicron, o recorde na média móvel de novos casos de covid-19 no Brasil era de 77 mil por dia. Entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro de 2022, porém, o país repetiu dia após dia uma média móvel de mais de 100 mil casos diários, chegando a quase 190 mil casos por dia no início de fevereiro, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fiocruz. Cidades como o Rio de Janeiro registraram, somente no mês de janeiro de 2022, mais casos de covid-19 que em todo o ano de 2021, quando as variantes Gama e Delta eram as dominantes.

Ainda que o número de mortes tenha subido com o pico da variante Ômicron, a média móvel de vítimas não superou os mil óbitos diários nenhuma vez em 2022, enquanto, em 2021, todos os dias entre 24 de janeiro e 30 de julho tiveram média de mais de mil mortes. Essa diferença tem relação direta com a cobertura vacinal atingida pelo país, que já tem 73% da população com duas doses ou dose única e 31% com dose de reforço.

“Felizmente, tivemos um pico absurdo de casos que não se refletiu em um número tão alto de casos graves. Então, a não ser que surja outra variante, a gente deve viver um período mais tranquilo, porque tivemos muita vacinação e um pico grande da Ômicron. Isso deve nos ajudar a ter uma queda de casos”, espera o pesquisador.

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O HOJE

Governo de Goiás dá aval e Rogério Cruz e outros prefeitos anunciam liberação das máscaras

Por: Carlos Nathan Sampaio

Acompanhado do secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, concederá entrevista coletiva nesta sexta-feira (11/03) quando anunciará a flexibilização do uso de máscaras em locais abertos e ações de retomada pós-pandemia de serviços em setores como infraestrutura, cultura, esporte e economia. A “liberação” acontece ao mesmo tempo em que o Estado de Goiás antecipou a autorização para as prefeituras.

Apesar disso, fica mantida a “recomendação” para utilização das máscaras em ambientes coletivos fechados, como transporte público, shoppings, supermercados, boates, aeroportos, rodoviárias, escolas, entre outros. A ideia anterior era pela liberação no próximo dia 14, mas na nota técnica divulgada nesta quinta-feira, também diz que as recomendações poderão ser modificadas de acordo com as novas evidências que surgirem ou de acordo com o cenário epidemiológico estadual.

O informe diz, ainda, que o uso de máscaras, como equipamento de proteção individual (EPI), deve continuar sendo incentivado para pessoas imunodeprimidas, com comorbidades de alto risco, pessoas não vacinadas e com sintomas de síndrome gripal, mesmo em locais abertos e sem aglomeração.

Já a flexibilização do uso de máscara em ambientes abertos, segundo informe da prefeitura, também leva em conta recomendação aprovada pelo Centro de Operações Especiais de Goiás (COE-GO), o índice de vacinação na capital goiana, que está com 75,32% da população com idade acima de 05 anos imunizada com duas ou dose única da vacina contra Covid-19, e o reforço vacinal aplicado em mais de 430 mil goianienses.

Cidades

Até esta quinta-feira, ao menos 152 municípios de Goiás devem ficar aptos a desobrigar as pessoas do uso das máscaras em locais abertos a qualquer momento. Agora, ainda mais com o “aval” do governo, o número deve crescer. Além disso, atualmente, segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, há 89 cidades com mais de 80% da população apta a ser vacinada com o mínimo de duas doses e outras 59 em que este percentual alcança entre 75% e 80%. Em 37 municípios a população imunizada está entre 70% e 75% do total de moradores e nos demais 61 o percentual é abaixo disto.

Casos de covid

Apesar da decisão, não há dados que comprovem a redução de casos de Covid-19, os números ainda são muito variáveis. Por exemplo, a comparação feita pelo O Hoje entre as primeiras semanas de fevereiro e março, houve uma redução de 40% tanto nos casos quanto nas mortes, porém, nesta quarta-feira (9), Goiás registrou mais de 7 mil casos e 60 mortes em apenas um dia.

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 A REDAÇÃO

Caldas Novas desobriga uso de máscaras em locais abertos e fechados

Prefeito de Caldas Novas, Kleber Marra suspendeu, em decreto publicado nesta quinta-feira (10/3) o uso obrigatório de máscaras em locais públicos ou privados em ambiente abertos ou fechados. “Fica agora facultativo a cada um o uso desse acessório: E claro que vamos continuar  monitorando e se os casos aumentarem novamente podemos reavaliar essa medida”, disse.

Caldas Novas está seguindo a orientação do Governo de Goiás, que anunciou a liberação do uso do acessório no estado a partir de segunda-feira (14/3). No entanto, continua obrigatório o uso de máscara em hospitais e unidades de pronto atendimento público ou privado.

O Decreto 488/2022, que é válido por tempo indeterminado, também eleva para 100% a capacidade de lotação em estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes, hotéis, pousadas e parques.

De acordo com o prefeito, essa determinação só foi possível graças à redução significativa no número de casos de covid-19 em Caldas Novas. “Fizemos várias ações e investimentos no sentido de controlar a pandemia em nossa cidade e graças a muito trabalho hoje estamos colhendo esse fruto”, disse.

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Rio Quente suspende obrigatoriedade de máscaras em locais abertos e fechados

Decreto publicado pela Prefeitura de Rio Quente na quarta-feira (9/3) suspendeu o uso obrigatório de máscaras faciais para acesso e permanência em locais públicos ou privados, em ambientes abertos ou fechados. 

De acordo com a gestão municipal, a flexibilização só foi possível graças à redução do número de casos de covid-19 na cidade, além do avanço da vacinação.

O decreto publicado ontem também suspende as restrições previstas anteriormente no município goiano, como ocupação máxima em eventos e horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, hotéis, pousadas e parques.

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SAÚDE BUSINESS

Cannabis Medicinal: importações e registros disparam, mas prescritores ainda são poucos

Tratamentos à base de cannabis medicinal para problemas como dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla, autismo, transtornos de ansiedade e sintomas associados ao câncer já tiveram eficácia comprovada em diversos estudos científicos. Com isso, vem crescendo a cada ano o número de pessoas que buscam por medicamentos deste perfil. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2021 foram autorizadas 40.191 importações desses itens, ante 19.150 em 2020, um aumento de 109,8%.

Nesta semana, com a liberação da Anvisa de mais três produtos medicinais derivados de cannabis e que poderão ser encontrados em farmácias de todo o país, já são 14 medicamentos registrados. Esses remédios só podem ser vendidos mediante prescrição médica e é aí que a questão esbarra em um entrave: ainda são pouquíssimos os médicos prescritores dessa terapêutica. De acordo com a Anvisa, o país possui 2.100 profissionais aptos a fazerem essa prescrição. O número, no entanto, equivale a menos de 0,5% da quantidade total de médicos no Brasil.

“A classe médica necessita se aprofundar mais no potencial da cannabis medicinal, porque, sem conhecimento, não há segurança para prescrever. Por diversas vezes, estive diante de pacientes refratários ao nosso arsenal terapêutico habitual e, cada vez mais, eles e seus familiares me questionavam sobre a possibilidade do tratamento com cannabis e o fato de eu não dominar o assunto me inquietava”, conta a neurocirurgiã Patrícia Montagner, que fundou a WeCann Academy, única instituição da América Latina que realiza cursos voltados à Medicina Endocanabinoide, exclusivamente para médicos.

Segundo dados da Kaya Mind – empresa de inteligência de mercado para o setor, considerando todas as prescrições feitas desde fevereiro de 2019, atualmente o estado que concentra o maior número de prescrições é São Paulo, com 41% do número total. Na sequência, vem o Rio de Janeiro (19%), seguido por Minas Gerais (7%).

Ainda de acordo com a Kaya Mind, considerando as informações disponíveis até 2019, os especialistas em tratamento com cannabis são distribuídos por áreas de atuação. As prescrições realizadas por médicos da Neurologia somaram 1.814, já que diversas condições médicas neurológicas são tratadas por meio dos fitocanabinoides da cannabis e envolvem estudos mais conhecidos em relação à planta, como a esclerose múltipla, a dor neuropática, o mal de Parkinson e a demência de Alzheimer. Na sequência, no mesmo ano, apareceram 941 receitas da Psiquiatria, área que envolve tratamentos voltados à depressão, ansiedade, insônia, entre outros. Prescrições para pacientes de Neuropediatria apareceram em terceiro lugar (367), sendo mais comuns para os casos de epilepsia infantil.

A fundadora da WeCann lembra que a temática da cannabis medicinal é pouco ou nada abordada nas etapas de formação médica. “Não há acesso a esse conhecimento na Faculdade de Medicina, nem na residência médica e, ainda, são poucas as opções de livros e cursos qualificados que ensinam o passo a passo dessa terapêutica e como prescrever na prática, com segurança e bons resultados”, fala. “Mas é nossa responsabilidade nos apropriarmos desse conhecimento e oferecer aos pacientes um tratamento com produtos à base de cannabis seguro, eficaz e assertivo”, completa a especialista, que tem em seu rol de atendimento mais de mil pacientes tratados com medicamentos à base da planta.

Outro ponto que trava o avanço da questão é o estigma que se estabelece quando o assunto é cannabis. “Há muita confusão entre uso medicinal e o uso recreativo, tornando-se esse o principal empecilho para a popularização dos benefícios da Medicina Endocanabinoide no Brasil”, salienta. “Por isso, é de extrema importância combater a ignorância em relação ao tema e, nesse sentido, a comunidade médica é a liderança natural e correta no esforço de esclarecimento da sociedade. Mas, para tomar à frente, precisa se preparar melhor”, conclui.

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Gestão do Corpo Clínico em tempos de pandemia

A subversão dos processos de atendimento causada pela pandemia foi muito maior que imaginamos. E o Gestor do Corpo Clínico, onde se situou?

Sandro Scárdua

Acerca da batalha de Termópilas, Grécia: “Diz Xerxes: minhas flechas serão tão numerosas que obscurecerão a luz do Sol!! Responde Leônidas: tanto melhor, combateremos à sombra!”

Heródoto

Após quase trinta meses sob a ditadura imposta pela pandemia causada pelo SARS-COV 2 (ou COVID-19, como ficou mais popularmente conhecida), os hospitais e centros de acolhimento para pacientes com complicações graves da doença, notadamente complicações respiratórias, podem agora refletir sobre tudo o que aconteceu. Não há registro na história da humanidade de nenhum momento em que tanto se fez no combate a uma doença aguda tão devastadora em tão pouco tempo, nem de como, enquanto instituições, os hospitais e centros de acolhimento trabalharam com tanta dedicação e entrega com o objetivo de reduzir as nefastas consequências nos milhares de pacientes atendidos, principalmente aqueles com complicações.

Em que pese todo um esforço concentrado de mitigar os efeitos da doença através da disponibilização de insumos, drogas, mobiliário, equipamentos, espaços físicos e capacitação de última hora; as perdas de vidas se multiplicaram e hoje representam um significativo valor em termos de perda força de trabalho para a sociedade. Mas há uma percepção, ainda não racionalizada totalmente através das pesquisas, que o estrago social poderia ser maior não fossem os esforços daqueles que tiveram, não sem medo e muita insegurança, que encarar o vírus mortal, disfarçado de gripe comum, tal qual lobo em pele de cordeiro.

A subversão dos processos de atendimento e acompanhamento dos pacientes internados causada pela pandemia foi muito maior que imaginamos. Orçamentos foram reavaliados e muitas vezes direcionados para outras finalidades, contratações de profissionais de todos os níveis foram feitas sem um processo seletivo mais rigoroso (sem contar o turnover elevado de profissionais), o gerenciamento dos insumos não raro causou angústia e desespero entre os responsáveis, os equipamentos doados ou adquiridos nem sempre atingiam seus objetivos quanto à segurança dos pacientes, a sobrecarga de trabalho sem distinção causou o esgotamento, o adoecimento e o afastamento de muitos em momentos críticos.

E o Gestor do Corpo Clínico, aonde se situou? A resposta é simples: não se situou. Apenas seguiu o fluxo, fazendo os ajustes de trajetória e apontando soluções baseadas quase que exclusivamente na percepção pessoal de que era o melhor caminho a se seguir respeitando as circunstâncias e o legado histórico da instituição que o albergava (lembrar do visceral apoio dos demais segmentos profissionais, principalmente da enfermagem), amparando vez por outra suas decisões através do compartilhamento de ideias e observações com a alta direção e demais membros do Corpo Clínico, sofrendo com expectativas frustradas em relação aos resultados de suas intervenções, e tentando a todo o custo não  deixar de trazer alento e uma carga de entusiasmo, contrariando o cenário de incertezas e dor.

É importante lembrar que os momentos de angústia foram muitos, e ainda não estão totalmente eliminados, nem agora nem no futuro. Mas aquela imagem do Gestor do Corpo Clínico, do alto de suas planilhas e indicadores, com estratégias preconcebidas de ação baseadas em modelagens criadas por outros e para outros, com respostas exatas baseadas em números, em uma certa medida deixou de existir. Na adversidade conhecemos os líderes e fazemos nossas escolhas em boa medida através dos exemplos inspiradores, empatia e envolvimento destes profissionais, ainda que não vejamos de forma tão nítida a luz do Sol.

“Escritores antigos e modernos têm utilizado a Batalha das Termópilas como um exemplo do poder que um exército patriótico pode exercer defendendo seu próprio solo com um pequeno grupo de combatentes. O comportamento dos defensores na batalha também é usado como um exemplo nas vantagens do treinamento, do equipamento e bom uso da terra como multiplicadores de força de um exército, tornando-se um símbolo de coragem contra as adversidades” (Batalha das Termópilas -Wikipédia).

A pandemia deve ser eliminada. A maneira certa sobre como o Gestor do Corpo Clínico deve agir não.

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Assessoria de Comunicação

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