Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 15/01/13

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

O POPULAR
Coluna Giro – EMERGÊNCIA

Presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), Salomão Rodrigues rebate: “A falta de médico a plantão é exceção e não a regra.”
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Descaso
Saúde vira caso de polícia de novo

Com sintomas de dengue, comerciante denunciou falta de atendimento no Ciams do Novo Horizonte
Cleomar Almeida

Um ano depois de um oficial do Corpo de Bombeiros ter registrado Boletim de Ocorrência (BO) por omissão de socorro a um paciente no Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa), o problema se repete, mas, desta vez, na rede pública municipal da capital. A falta de atendimento no Centro Integrado de Assistência Médico-Sanitária (Ciams) do Setor Novo Horizonte, na Região Sudoeste de Goiânia, fez o comerciante Marcos Vinicius Lemes d’Abadia, de 44 anos, gritar por ajuda e denunciar o caso, ontem, no Ministério Público de estadual de Goiás (MP-GO). O problema tem se agravado nas últimas semanas, devido ao período de férias.
A crise nos 13 Centros de Assistência Integral à Saúde (Cais) e Ciams se arrasta desde o fim do ano passado e desafia a Prefeitura a dar uma resposta urgente à população que necessita de atendimento em sua rede, conforme O POPULAR tem acompanhado. No domingo, Alice Ferreira da Silva, de 81, morreu depois de ter socorro negado nos Cais de Campinas e do Cândida de Morais, segundo a família. Portadora de câncer, ela caiu, teve fratura na perna e uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) andou 25 minutos e só conseguiu atendimento no Cais do Finsocial, conforme registro de ocorrência. “Se ela (Alice) tivesse conseguido atendimento no primeiro Cais, talvez ela estaria aqui ainda”, desabafou a ascensorista Regiane de Castro, parente da vítima.
O caso apavora muita gente que necessita de médico na rede pública. “Ter atendimento é um direito, não é um favor. Mas estamos vivendo um momento de absoluto descaso”, desabafou Marcos Vinicius, que também registrou, no domingo, um BO por omissão de socorro, no 20° Distrito Policial, no Setor Sudoeste.
O comerciante apresentou sintomas de dengue, cujos casos aumentam consideravelmente neste período do ano, mas não conseguiu atendimento no Ciams do Novo Horizonte no sábado nem no domingo. “A atendente me informou que não havia clínico-geral nesses dias e me mandou procurar outras unidades”, contou ele, sem esconder a indignação. “No sábado, também passei pelos Cais do Jardim América e de Campinas, mas não consegui socorro”, acrescentou, pontuando que a única saída foi ir embora para casa e contar com a sorte. “Há muito descaso”, desabafou.
DESCASO
E a sensação de descaso tomava conta de cerca de cem pessoas, na tarde de ontem, no Ciams do Novo Horizonte. Por volta das 15h30, muitos doentes esperavam ansiosos para que seu nome fosse anunciado. Alguns gemiam. Outros tentavam segurar a dor e conter o choro, como fez a vendedora Cristina Gomes da Silva, de 39, que estava com cólica renal. “Moça, não tem como me dar um comprimido para diminuir a dor?”, perguntou para a atendente. Após obter apenas a resposta de que deveria esperar, Cristina seguiu para um canto e se entregou às lágrimas.
À tarde, havia somente dois clínicos gerais no posto de saúde. O próprio diretor da unidade, o enfermeiro José Cardoso, admitiu o déficit de profissionais. “Nosso setor de urgência precisa de mais três clínicos gerais”, reconheceu.
Mas até pacientes com consulta previamente agendada sentiram na pele as consequências da falta de médico. Depois de esperar ontem por um neurologista durante seis horas, a dona de casa Maria Jurlene Rosa dos Santos, de 57, voltou para casa, juntamente com o marido, o açougueiro Edson Martins Brito, de 47, sem ninguém analisar os resultados de seus exames. O casal ficou no posto de saúde das 10 às 16 horas.
Desamparada, Maria Jurlene quer a consulta para evitar um novo acidente vascular cerebral (AVC), que lhe vitimou, pela primeira vez, em setembro de 2011. Desde então, passou a conviver com fortes dores de cabeça e recorreu à rede pública municipal, mas, conforme disse, em vão. Ela recebeu um encaminhamento para consulta em agosto do ano passado. Somente na última semana, lhe ligaram para confirmar o procedimento, no Ciams do Novo Horizonte, mas, ontem, foi surpreendida, mesmo depois de esperar cinco meses por um especialista. “A atendente me disse que venceu o contrato da médica que iria me atender”, lamentou. “Não estão fazendo nem consulta marcada com antecedência. É lamentável”, asseverou.
Com a promessa de amenizar o problema, o secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, disse serão convocados de imediato 20 clínicos gerais do último concurso público, para atender na urgência (leia reportagem nesta página).

Ajuda útil
Veja como buscar ajuda no caso de omissão de socorro:
Para denunciar omissão de socorro na rede pública de saúde ou buscar orientações para pedir indenização na Justiça, o paciente pode recorrer a um dos órgãos listados abaixo:
■ Centro de Apoio Operacional à Saúde do Ministério Público de Goiás (MP-GO)
(62) 3243-8077/8080
■ Comissão de Direito Sanitário e Defesa do Direito à Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO)
(62) 3238-2007
■ Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
(62) 3524-1500

Falta de médicos compromete escalas na rede de emergência
(C.A.)
A falta de médicos compromete 7% do total de escalas (1.187) na rede de emergência do município, admite o secretário municipal de Saúde de Goiânia, Fernando Machado, recém-empossado no cargo. Ele promete que serão chamados 200 médicos aprovados no último concurso público, 20 deles “imediatamente.” A previsão é de que pelo menos 100 profissionais comecem a trabalhar na rede pública municipal, já que, explica, a metade desiste de tomar posse, “para fazer residência ou aproveitar outras oportunidades da carreira.”
Segundo Fernando, a rede municipal conta hoje com 1.800 médicos. Para tentar diminuir a diferença entre a oferta e a demanda, ele adiantou que também vai contratar outros 60 médicos em caráter de emergência. “Vamos contratar temporariamente e substituir, à medida que formos lotando outras pessoas”, afirmou o novo secretário.
Apesar dessa medida emergencial, Fernando admite que não será suficiente para solucionar as falhas no atendimento da rede. “Resolver não vai, porque inúmeras situações têm de ser corrigidas”, adiantou ele, para acrescentar: “Prefiro ter o médico efetivo, concursado, porque esse não tem crise.”
Fernando também considera que outros problemas na rede pública de saúde dificultam o atendimento de qualidade. “Ainda temos problemas de falta de leitos para poder encaminhar o paciente”, asseverou o titular da SMS.
Na avaliação do secretário, o aumento da incidência dos casos de dengue, neste período do ano, também complica a situação. “Devemos fechar mil casos de dengues suspeitos, nos próximos dias”, adiantou Fernando Machado.
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Huapa
Após uma semana do anúncio, TAC ainda não foi assinado

Camila Blumenschein

Uma semana depois de anunciado, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que viabilizaria a reabertura total do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) ainda não foi assinado. Ontem, diretores do hospital, representantes das secretarias municipais de Aparecida de Goiânia e de Goiânia e da Secretaria Estadual de Saúde (SES) se reuniram para definir o perfil de atendimento e o quantitativo de profissionais que irão trabalhar no hospital, em cada área, assim que ele for reaberto.
A intenção da prefeitura de Aparecida, que deverá assumir o custeio do hospital, é colaborar para desafogar os Cais e Ciams da cidade, que enfrentam o problema da superlotação. Segundo o assessor jurídico da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS), Jeferson Leite, a reunião já avançou na definição dos quantitativos de profissionais por área, mas a questão ainda não foi totalmente concluída na reunião de ontem. “Precisamos definir isso com antecedência para que possamos lançar o edital de contratação”, disse.
A elaboração do documento é mediada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Conforme a SMS de Aparecida, no prazo de 15 dias úteis após a assinatura do TAC pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), a SES deve garantir o funcionamento pleno do Huapa.
O TAC, de acordo secretaria municipal, ainda não foi assinado pela PGE porque a promotora de Justiça de Aparecida, Lílian Conceição de Araújo, sugeriu a realização de alterações no documento, o que ela já está fazendo em conjunto com MP-GO. Ainda não foi definido quando o termo será assinado por todas as partes envolvidas.
DESDE AGOSTO
O Huapa está parcialmente fechado desde 20 de agosto. Os principais serviços – urgência e emergência – deixaram de ser prestados. Conforme apontado no TAC, a unidade de saúde está com funcionamento comprometido pela escassez de abastecimento, equipamentos e de recursos humanos, o que vem prejudicando o atendimento a moradores do município e, por consequência, comprometendo a eficiência dos serviços de saúde pública de todo o Estado.

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Dengue
Combate é intensificado nos Cais

(Deire Assis)

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia iniciou ontem trabalho de combate ao mosquito transmissor da dengue nas unidades básicas de Saúde do municípios. Centros de Assistência Integral à Saúde e Centros Integrados de Assistência Médico-Sanitário (Cais e Ciams) foram visitados por equipes do órgão atrás de possíveis criadouros do Aedes aegypti.
A diretoria de Vigiância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, explica que o trabalho tem como objetivo reduzir os riscos de novas contaminações pelo vírus da dengue nas unidades de saúde, onde é grande a presença de pacientes infectados. “Temos ali um ambiente de risco, já que há número grande de infectados e alta infestação pelo mosquito”, disse. O trabalho deve se estender por toda a semana.
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Cartas dos Leitores – Falta de médicos
A propósito da reportagem O médico sumiu, publicada sexta-feira, gostaria de dizer que ainda está muito bom, porque daqui a dez anos possivelmente não teremos mais profissionais dessa especialidade para atender em hospital público. A culpa será do governo federal, pois onde já se viu um país gastar milhões para formar estudantes de Medicina que, depois de graduados, se recusam a trabalhar para o SUS, governo estadual ou municipal.
O Poder Executivo deveria intervir nas faculdades, para que todos os médicos formados por instituições públicas tivessem obrigação de trabalhar para os governos o dobro de tempo gasto com eles na faculdade. Ganhariam o salário que se paga aos médicos de hoje, sem exercer atividade particular da especialidade.
PEDRO ALVES MARIO
Formosa – GO

■ Aumentaram, nos últimos dias, as denúncias sobre a falta de médicos e omissão de diretores de Cais e Ciams de Goiânia. Na verdade, isto tem origem num sistema antigo que se perpetua como normalidade, neste Brasil de vícios criminosos institucionalizados no serviço público.
Sou aposentado, desde 1992, do quadro do extinto Inamps, do Ministério da Saúde aqui em Goiânia, onde fui diretor administrativo dos órgãos situados na Rua 68, Vila Nova e HGG, quando vivi toda essa situação que me causou sérios problemas, por ter exercido as funções públicas de forma justa e devida.
Ao cortar o ponto de médicos que não compareciam ao serviço, era normal ouvir de alguns deles, inclusive de um militar, a observação de que eu não era médico, como se a função pública fosse regulamentada constitucionalmente de acordo com a posição familiar, social e política de seus ocupantes. Isso continua até os dias atuais.
Quando ocupei a parte administrativa da Secretaria de Saúde em Aruanã, servidores médicos do Estado acostumados a terem suas folhas de ponto integralizadas, ao terem seus interesses contrariados vinham a Goiânia onde tudo se arranjava.
ARISTON CARDOSO
Vila Nova – Goiânia

■ Nas edições de sexta-feira e sábado, O POPULAR destaca matérias em que se elege o médico como o símbolo responsável pela caótica situação de nossa saúde pública. Sábado, além do editorial que rotula o médico faltoso de negligente e irresponsável, este jornal ainda veicula uma outra matéria na qual informa que o Ministério Público (MP) investigará sobre o que está ocorrendo nessa área, causando a sempre presente falta de médicos plantonistas das unidades de saúde da capital.
Tenho acompanhado sempre as recorrentes manifestações da mídia a respeito e, na medida do possível, apresentado ponderações sobre o tema. Mas, para minha frustração, poucas vezes as vejo publicadas no jornal. Agora, sinto-me na obrigação de dirigir-me aos meus colegas médicos, que ainda se dispõem à humilhante condição de plantonistas nas diversas unidades de saúde do município ou do Estado.
Colegas, vamos nos conscientizar de uma forma definitiva e determinada. Se for para continuarmos a exercer nossa nobre profissão nas condições que nos são oferecidas e as aceitarmos assim, então nos calemos de uma vez por todas; mas, ao contrário, se não acatarmos tais condições, nos manifestemos veementemente, inclusive renegando esses famosos contratos precários, que é a origem de todos os males que tornam nossa profissão ignóbil aos olhos de muitos.
Quero aqui enviar um recado aos doutos membros do MP, tão expedito quando se trata de punição aos médicos, mas negligente em outras ações merecedoras de sua atenção. Vamos ao recado: não há necessidade, a meu ver, de se abrir sindicância para descobrir a causa de todos esses males; basta um simples telefonema a qualquer gestor da área da saúde e indagar-lhe quanto é o salário mensal do médico.
Mas não se assustem, senhores, ao ouvir a resposta. O médico recebe menos de 10% do que ganha um promotor, para cuidar daquilo que é mais caro ao ser humano – sua própria vida. É justo isso? Respondam.
JOSÉ VILMAR TAVARES
St. Nova Suíça – Goiânia
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DIÁRIO DA MANHÃ
Artigo – Nota à Imprensa em nome de 60.856 médicos brasileiros: “O caos na saúde pública não é culpa nossa”

MARCELO CAIXETA
Desde uma profissional de enfermagem que injeta café na veia até um hospital que não tem papel higiênico, tudo no Brasil de hoje transformou-se em “erro médico”. Por falta de uma explicação mais profunda e atuante por parte dos “representantes médicos oficiais”, viemos, como representantes de milhares de médicos brasileiros, por meio deste documento,  abordar o que realmente vem ocorrendo na saúde pública.
A) Em primeiro lugar, o médico vem sendo “expulso”, paulatinamente, dos serviços  públicos de saúde (isto quem diz não somos nós, são os dados  estatísticas do IBGE).
B) Com salários baixos, precarização trabalhista, condições  degeneradas de trabalho (p.ex., falta de leitos hospitalares, laboratórios, sistemas de maior complexidade hospitalar para referenciar casos graves, sistemas de menor complexidade hospitalar para contra-referenciar no pós-alta, falta de especialistas, etc), os médicos evadem-se progressivamente rumo à saúde suplementar ou particular. 
C) Muitos dos que restam optam por aquela política nefasta, que, aliás,  condenamos, do : “Vocês fingem que nos pagam e nós fingimos que trabalhamos.” Como médicos, repudiamos que qualquer colega assuma um trabalho nestas condições, e com este espírito.
D) E estes não são os melhores representantes da categoria médica, tanto é que, justamente por estarem eticamente errados, nunca vêm a público expor as reais causas das mazelas pelas quais passa a saúde pública. Deixam as críticas pipocarem, como se, a todo momento, a “carapuça servisse” a todo médico e médica brasileiros. Passa-se a ideia de que é “isso mesmo”, “ele é culpado mesmo”, justamente pela precarização de sua defesa e covardia de sua evasiva. E é disto que fazemos  mais abaixo.
E) O que não podemos  aceitar, enquanto médicos(as) do Brasil, é que um exemplo estereotipado deste mal profissional, visto aí acima, no item “C”, seja superficialmente erigido como “a causa do  desmantelamento da saúde pública”, como convencionou-se repercutir na mídia, renitentemente, Brasil afora. As causas, como se pode ver abaixo,  na verdade, são muito mais complexas, e muito mais graves do que se possa imaginar, jamais podendo ser imputadas a um único profissional, no caso, o médico. Isto é, tenta-se, simplificadamente, colocar a “culpa de tudo que ocorre na saúde sobre o ombro dos médicos”, a partir da interpretação grosseira de que “tudo decorre  do desserviço  destes profissionais de nível “c” , ou seja, dos profissionais especificados no item “C”. E, justamente por acreditarmos que tais descalabros não sejam “culpa exclusiva do médico” é que, nós, como médicos que nos julgamos além do “nível c”, primando pela ética  e interessados na saúde coletiva, viemos a público esclarecer.
F) Os governos, por seu lado, encontram-se paralisados por graves impasses :
1 – Na medida em que o médico foi saindo ou descompromissando-se com o serviço público, profissionais de saúde não-médicos foram assumindo sua posição, seja em cargos de chefia, seja em atuações em que  assumem, temerariamente,  a função de médico para si. Nestas circunstâncias, tais gestores alçados à posição de mando, não mais aceitam uma postura técnica, salarial ou hierárquica diferenciada do profissional médico. Querendo igualá-lo  a ferro , a todo  outro profissional ( como se todas profissões de saúde fossem iguais ),  obstaculiza-se a necessária chefia de equipes, até do ponto de vista técnico. É como se, no serviço público de hoje, estivéssemos a todo tempo solicitando que a aeromoça do avião assumisse o lugar do piloto.
2 – Em decorrência do que ocorre no item “1”,  isto é, falta de condições técnicas e administrativas para o exercício adequado da medicina, mais colegas debandam, agora não só por causa dos salários, mas pela precarizações técnica, hierárquica e gerencial dentro do sistema (uma construtora onde o engenheiro não pode gerir, um tribunal onde um juiz não pode julgar, um avião onde um comandante não pode pilotar, estão todos fadados à catástrofe ). É bom deixar-se claro que,  o médico, tecnicamente, hierarquicamente, não é melhor do que ninguém, não é maior do que ninguém, não deve ter mais “poder pelo poder” do que ninguém. É apenas diferente, como diferentes são todas as atribuições profissionais (se assim não fosse não haveriam profissões e competências diferentes, umas das outras). E, sem estas diferenças, sobretudo em uma área crítica, emergencial e científica, como a Medicina, não é possível trabalhar de modo adequado.  
3 – Ainda, em decorrência do item “1”, os governos estão face-a-face com um caos gerencial incontornável : além dos problemas inerentes à já combalida gestão pública de qualquer órgão (“cabides-de-empregos,” “político-cracia” ao invés de “meritocracia”, “contra-cheque igual para todo mundo, ao fim do mês, trabalhe-se ou não”, “o que é público não é de ninguém”, etc), os governos têm de lidar com uma situação onde não pode mais alçar o médico a uma condição favorável, seja ela salarial, técnica, ou hierárquica. Tudo isto, hoje, “desagrada” os setores não-médicos, muitos deles antimédicos,  fortemente e irremediavelmente instalados na máquina administrativa pública. Então, sem poder dar a aeronave ao comandante, não há como alçar voo. Ou então, se o faz temerosamente, gerando-se os descalabros  do “voo cego, dirigido por instrumentos”, que aí assistimos.
4 – Os governos, então, estão atônitos com esta caoticidade do sistema de saúde, sobretudo num momento em que a mídia mais capilarizada e virulenta, a escolaridade crescente da população, o avanço tecnológico da Medicina, o aperfeiçoamento institucional do Ministério Público e Judiciário exigem respostas efetivas e complexas.
5 – De modo geral, os governos não têm demonstrado uma saída para esta situação, a não ser deixarem as tragédias acontecerem e, se possível, imputarem a causa a terceiros, aqui, no caso, ao “comandante alegadamente ausente”, seja física, seja técnica, seja humanisticamente. Nos ejetam e depois “cobram” a nossa ausência. É insuportável este tipo de “jogadinha suja”.  É assim que, sorrateiramente, as administrações públicas nos têm transformado, sobretudo  junto à mídia, nos “carrascos do povo”. Por exemplo, a maioria esmagadora dos casos de “faltou médico” são transformados em “o médico faltou”.
6 – Alguns governantes, municipais, estaduais,  inclusive o governo federal, têm encontrado uma “fórmula paliativa”: contratarem médicos por “fora do sistema público”, seja via CLT, seja via Organizações Sociais, Fundações, etc. No entanto, em muitos casos, tais medidas não têm sido efetivas, na medida em que o arcabouço administrativo em que tais médicos tercerizados trabalham continua contaminado  por todos os vícios da “in-administração pública”: por exemplo, chefias hostis, inaptas, antimédicas, politiqueiras, gerencialmente descompromissadas e, portanto, incompetentes,  que, a todo momento, continuam a lançar o médico às chamas, como o algoz do disfuncionamento do sistema. Somos médicos e médicas do Grupo Dignidade MédicaFacebook  (60.856 membros) .
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação

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