Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17 A 19/01/15

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES

• Mais Médicos começa a inscrever profissionais com CRM brasileiro
• Mulheres recorrem à rede pública para ter parto normal
• Movimento sem-teto invade maternidade de Aparecida
• Leite de Moreira – Produto pode trazer riscos à saúde
• Por que 25% dos que fazem cirurgia bariátrica voltam a ganhar muito peso?

AGÊNCIA BRASIL
Mais Médicos começa a inscrever profissionais com CRM brasileiro
Brasília – O Diário Oficial da União publicou hoje (16) edital abrindo inscrições para médicos com CRM brasileiro e municípios que queriam participar do Mais Médicos. Desta vez, 1,5 mil municípios poderão solicitar profissionais. Destes, 424 nunca receberam médicos do programa.

Municípios e médicos com registro nos conselhos regionais de Medicina (CRM) brasileiros terão até os dias 28 e 29 deste mês, respectivamente, para confirmar participação e formalizar a inscrição no sistema do programa.

A vulnerabilidade econômica e social se mantiveram como critérios básicos para que os municípios participem do Mais Médicos. Terão prioridade cidades com 20% da população em situação de extrema pobreza, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixo e muito baixo e localizadas no Semiárido, nos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Ribeira, além das periferias de capitais e regiões metropolitanas.

Os médicos com CRM brasileiro poderão indicar quatro municípios de preferência para atuar. Os que não ficarem em nenhum dos municípios indicados terão mais duas oportunidades para escolher vagas remanescentes.

Nesta edição do programa, os profissionais brasileiros poderão optar pelo Mais Médicos, com duração de três anos e cujos benefícios são ajuda de custo e auxílios-alimentação e moradia, ou pelo Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que dura um ano e que dá um bônus de 10% nas provas de residência do país.
Os médicos do Provab que quiserem aderir, após um ano, ao Mais Médicos para permanecer mais dois anos no local terão essa opção e aí poderão receber os auxílios. Nos dois casos, a bolsa é R$ 10 mil.
Caso os candidatos brasileiros não preencham todas as vagas, o edital será ampliado para brasileiros formados no exterior e, na sequência, aos estrangeiros. Os médicos brasileiros formados no exterior poderão fazer inscrições entre 10 e 20 de abril.
Os estrangeiros poderão se inscrever entre 5 e 15 de maio. Os profissionais formados no exterior passarão por ambientação e começarão a trabalhar no dia 7 de julho. (Agência Brasil) 17/01/15

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Mulheres recorrem à rede pública para ter parto normal
As mães procuram mecanismos para amenizar as intervenções cirúrgicas e ainda tornar o processo mais humanizado
Isabela Vieira

Em busca de um procedimento mais humanizado na hora do parto, com menos intervenções, mulheres têm recorrido à rede pública de saúde. Preocupadas com o alto índice de cesarianas na rede privada (84%) e incapazes de contratar uma equipe de saúde completa, elas têm optado por hospitais de referência em saúde maternoinfantil.
Esse é o caso de professora de matemática Camille Ramalho, 33 anos, que deu à luz no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no centro do Rio. “Fiz todas as consultas de pré-natal pelo plano de saúde, mas na hora do nascimento preferi o Sistema Único de Saúde(SUS)”, contou. Ela disse que se informou sobre o assunto antes de tomar sua decisão. “Li muito, conversei com muitas mães e não me arrependo.”
No Rio, a busca pela Maternidade Maria Amélia tem se tornado uma tendência, avalia a enfermeira obstetra Heloisa Lessa, da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas. Segundo ela, com as novas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a defesa do parto normal por organizações sociais, as gestantes têm se informado sobre os riscos da uma cesariana desnecessária.
“Um parto humanizado requer uma equipe humanizada, o que custa caro e não é garantida na rede privada”, analisa. “Muitos médicos preferem fazer cesarianas porque podem ser agendadas com antecedência e são mais bem remuneradas pelos planos de saúde”, completa.
Em ambos os casos, as gestantes contrataram uma doula, o que também está se tornando uma tendência no Rio, segundo Heloisa. Essas profissionais acompanham a gestante desde o início da gravidez, ajudando na preparação do casal.
A tradutora Eva Holzova Dantas, 32 anos, que recentemente teve Stella, hoje com um mês de vida, conta que a doula deu apoio para que ela tentasse o parto normal, depois de uma cesariana do primeiro filho. “Ela passou exercícios para o casal, durante a fase ativa do parto, esclareceu sobre as fases do parto, o que te dá um apoio emocional muito importante.”
Em casos de gravidez de baixo risco, o parto normal humanizado é a melhor opção, segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Silvana Granato. No processo, a equipe está treinada para realizar o menor número de intervenções possível no corpo da mulher, como a episiotomia (corte no períneo) e a injeção de ocitocina (hormônio sintético).
“A ocitocina, por exemplo, aumenta o número de contrações do útero, o que aumenta a dor e torna o parto normal mais dolorido”, alertou. Ela também observa uma migração de mulheres para a rede pública, onde as parturientes podem usar banheiras para aliviar a dor, além de receber massagens e exercícios para ajudar a relaxar, o que é permitido no Maria Amélia.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que não é possível estimar quantas gestantes com plano de saúde preferem ter bebês na unidade pública. Porém, o número de parto normais na Maternidade Maria Amélia chega a 76,2 % – maior que a média da rede, de 66,%, que inclui nove maternidades e uma casa de parto (unidade extra-hospitalar que realiza apenas partos normais de baixo risco).
Para estimular a prática, o governo do Estado do Rio tem treinado equipes e recentemente comprou uma banheira para o Hospital Estadual dos Lagos de Saquerama, na Região dos Lagos. “Banhos de imersão em água morna ajudam no trabalho de parto”, disse o coordenador de Maternidades da Secretaria de Estado de Saúde, Jorge Calás.
De acordo com a coordenadora da pesquisa Nascer no Brasil, da Fiocruz, Maria do Carmo, entre as vantagens do parto normal estão a redução da morte materna, infecciosas, além de dores pós-operatórias. Nos bebês, diminui risco de morte intrauterina, complicações respiratórias e obesidade na infância.

Especialistas divergem sobre regras da ANS
As novas medidas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal na rede privada e reduzir nascimentos antes da hora por cesariana foram comemoradas por especialistas em saúde maternoinfantil. Associações médicas, no entanto, questionam as regras, que preveem mais informações para auxiliar a gestante na escolha do obstetra e incluem o preenchimento, pela equipe de saúde, de um gráfico sobre etapas do trabalho de parto, o partograma.
As novas regras foram adotadas para tentar reduzir o alto índice de cesarianas na rede privada, que chegam a 84% dos nascimentos, enquanto somam 40% nas unidades públicas, segundo o Ministério da Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o número fique próximo de 15%.
Segundo Silvana Granato – uma das coordenadoras da pesquisa Nascer no Brasil da Fundação Oswaldo Cruz, que ouviu mais de 24 mil mães em todo o País –, a exigência do partograma obriga a equipe médica a esperar a mulher entrar em trabalho de parto, em vez de realizar cesarianas pré-agendadas, antes mesmo de indicação médica. “Com esse documento, teremos como saber qual a justificativa para a cesariana.”
Silvana contou que é normal gestantes da rede privada agendarem as cesarianas com antecedência, por uma série de razões culturais, como a falta de informação sobre o parto normal humanizado. Ela alerta que, em alguns casos, os bebês nascem a partir da 35ª semana, antes de estarem totalente formados, entre a 39ª e 40ª semana. “A cesariana é um evento para salvar vidas, só deve ser feita sob recomendação porque têm grandes chances de causar prejuízos”. Quando os bebês nascem antes do tempo, têm mais chances de terem problemas respiratórios e serem internados em UTI.
As associações médicas concordam que é alto o número de cesarianas na rede privada de saúde, mas são reticentes às novas regras da ANS. O Conselho Federal de Medicina (CFM) questiona a obrigatoriedade de apresentação de percentuais de partos cesáreos e normais e teme que os especialistas sejam estigmatizados na rede. (19/01/15)
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DIÁRIO DA MANHÃ
Movimento sem-teto invade maternidade de Aparecida

Manifestantes em Aparecida afirmam que déficit habitacional de Goiás chega a 160 mil famílias. Manifestantes alegam que obras de hospital estão paralisadas há dez anos
Agência Brasil

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocupou, na madrugada de ontem (17), uma maternidade em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital. As obras no local estão paralisadas há quase dez anos, segundo o movimento. Eles pedem o assentamento de mais de 400 famílias.
A ocupação é a primeira do movimento na região. “O local está abandonado, serve para roubo, estupro. Estamos querendo que o prédio seja adpatado para a construção de moradias”, diz o integrante da Coordenação Nacional do MTST Edson Silva, que está no local.
De acordo com ele, as famílias são cadastradas em programas habitacionais e esperam por moradias, há mais de 30 anos. São famílias pobres, que recebem até três salários mínimos por mês. A ocupação foi chamada de Sonho Real Vive. O MTST reivindica o assentamento definitivo das famílias, com a destinação do terreno e a finalização da obra para moradias populares, assim como serviços públicos de qualidade no bairro.  Segundo o movimento, em Goiás o déficit habitacional supera 160 mil famílias.
Na manhã de ontem, o grupo reuniu-se com o secretário de Habitação e Regularização Fundiária do município, Ronnie Barbosa. Ele agendou uma reunião no próprio gabinete, amanhã, às 9h. Até lá, os integrantes poderão permancer no prédio com segurança. O secretário diz que a maternidade, de nome Boa Sorte, terá as obras retomadas nos próximos dias. “O hospital está prometido para a população há 15 anos. O prédio foi construído nas administrações anteriores. As obras foras paralisadas por problemas técnicos, que já foram superados”. Amanhã, ele discutirá com o MTST o assentamento e a construção de casas para as famílias em outra localidade. (17/01/15)
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O POPULAR
Leite de Moreira
Produto pode trazer riscos à saúde
Eduardo Pinheiro

Mesmo sem substância benéfica ao corpo ou outras que podem não fazer bem ao nosso organismo, o Leite de Moreira, ou seiva da Moreira, pode ser encontrado facilmente em lojas de produtos naturais em Goiânia pode ser nocivo à saúde. A denúncia foi feita ontem Fantástico, da Rede Globo/TV Anhanguera, em reportagem de Fábio Castro, que mostrou que ele é fabricado com medicamentos de venda exclusiva sob prescrição médica e não de produtos naturais, como é apresentado. O POPULAR esteve em locais onde o produto é vendido na capital. No Mercado Municipal, o composto é vendido nas bancas de ervas e medicamentos naturais por preços que variam de R$ 30 a R$ 35.
O Leite de Moreira é vendido em cápsulas, acondicionadas em uma pequena embalagem, com 30 unidades cada. Não há bula, restrição, nem qualquer indicação de que o produto pode oferecer risco à saúde. Apenas promete curar dores de cabeça, reumatismo agudo e crônico, gota, bursite, artrite e artrose, nervo ciático, fibromialgia, dores musculares, dores nas costas, tendinite, enxaqueca, sinusite, entre outros problemas. Na embalagem está escrito “suplemento nutricional”.
Um vendedor de uma das bancas do Mercado Municipal recomendou a administração do composto após as principais refeições do dia. “Uma depois do almoço e uma no jantar já garante os efeitos. Contra dor de cabeça é tiro e queda”, garantiu. Perguntado da procedência do produto, o lojista apenas informou que compra de distribuidores de produtos de origem natural.
No site de vendas do produto constam informações genéricas sobre a origem do suposto medicamento natural. O endereço eletrônico apenas informa que é “desenvolvido com base em plantas medicinais com um único objetivo: melhorar a sua qualidade de vida”.

Pesquisadores da UFG analisaram vários lotes
Uma análise feita por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) em vários lotes do Leite de Moreira ou Seiva da Moreira descobriu que as cápsulas de alguns lotes não tinham nenhum princípio ativo que pudesse beneficiar o corpo humano. Outros lotes continham substâncias não naturais e remédios de tarja vermelha, que só podem ser utilizados com orientação médica. No rótulo da embalagem do produto não há qualquer especificação de quais plantas são usadas no composto, nem como é produzido. O produto promete “cura de doenças incuráveis” e alerta que deve ser mantido fora do alcance de crianças. A reportagem tentou contato com os fornecedores, mas não obteve retorno. (19/01/15)

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JORNAL OPÇÃO
Por que 25% dos que fazem cirurgia bariátrica voltam a ganhar muito peso?
Um quarto dos pacientes que são submetidos à operação de redução do estômago tem reganho de gordura. Obesidade já atinge metade da população brasileira e o mal se tornou questão de saúde pública na Europa e nos Estados Unidos

Frederico Vitor
A obesidade tem aumentado de forma contínua e drástica no Brasil. Atual-mente, cerca de 50% dos brasileiros estão acima do peso, segundo pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Te¬lefônico (Vigitel 2013), do Ministério da Saúde. O problema é tão grave que, caso algo não seja feito, em dez anos, o País pode ter números semelhantes aos dos Estados Unidos, o país mais obeso do mundo. O crescimento da população brasileira obesa é a causa do surgimento elevado na população de doenças como diabetes, hipertensão e câncer.
Para muitas pessoas que convivem com a obesidade, a dieta equilibrada, os remédios ou exercícios físicos já não são suficientes para alcançar o corpo magro e saudável. Para elas, o indicado é a cirurgia bariátrica ou redução do estômago, como é popularmente conhecido esse processo. Contudo, ocorre que cerca de 25% dos obesos que são submetidos a este procedimento cirúrgico reganham peso e podem ter indicação para uma nova operação, aumentando os riscos de complicações pós-cirúrgicas. A principal delas é a fístula, o rompimento dos grampos usados na redução do estômago.
A reoperação, em geral, visa aumentar ou restabelecer a restrição gástrica perdida. Pode-se utilizar, por exemplo, um anel no estômago para controlar a quantidade de alimentos ingeridos. O Brasil é o segundo em cirurgias bariátricas, com 80 mil procedimentos, sendo 10% na rede pública, atrás dos Estados Unidos, com cerca de 140 mil procedimentos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Para se ter uma ideia, o número de procedimentos cresceu 90% nos últimos cinco anos e 300% em dez anos.
A cirurgia bariátrica não tem indicação como tratamento estético e sim para melhora de doenças e qualidade de vida. Deve ser recomendada para pessoas com obesidade mórbida, ou seja, as que têm pelo menos 40 quilos a mais que o normal, ou doenças graves como diabetes, hipertensão, apneia do sono e doenças ortopédicas. Mas nada adianta reduzir o estômago se não houver mudanças dos hábitos alimentares e do estilo de vida. É preciso largar vícios antigos e adotar uma disciplina alimentar e de atividades físicas.
Justamente a não adoção de um novo estilo de vida, dietas inadequadas com ingestão de alimentos calóricos ricos em açúcar são os principais motivos do reganho de peso dos recém-operados. Os pacientes precisam aderir a um programa multidisciplinar, com auxílio de nutricionista e psicólogos. Caso contrário, a cirurgia bariátrica é em vão, o estômago volta a dilatar, o operado torna a registrar altas taxas de ganho de peso que trazem com elas várias complicações de saúde, como pressão alta, diabetes e danos cardíacos.
Segundo os especialistas, após o paciente ser submetido à operação de redução do estômago é esperado no curto prazo o ganho de até 10% do peso perdido na cirurgia bariátrica. Se um paciente perdeu 50 quilos, por exemplo, é natural que ela ganhe 5 quilos. O problema existe quando o reganho de peso é maior, ou seja, chegando a 30% ou mais. Mas se o paciente seguir a risca as recomendações pós-cirúrgicas, os resultados como melhora da autoestima, do convívio social, a possibilidade de realização de atividade física e a manutenção do peso vêm naturalmente.
Apesar de a obesidade estar relacionada a fatores genéticos, há importante influência significativa do sedentarismo e de padrões alimentares inadequados no aumento dos índices brasileiros. Forte aliado na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, o consumo de frutas e hortaliças está sendo deixado de lado por uma boa parte da população, que está ingerindo mais alimentos calóricos. Apenas 22,7% ingerem diariamente a porção certa de alimentos saudáveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outro indicador que preocupa é o consumo excessivo de gordura saturada: 31,5% da população não dispensam a carne gordurosa e mais da metade (53,8%) consome leite integral regularmente. Os refrigerantes também têm consumidores fiéis, cerca de 25% tomam esse tipo de bebida ao menos cinco vezes por semana.
Não há consenso na literatura médica internacional sobre o reganho de peso

De acordo com o presidente da SBCBM, o médico cirurgião Josemberg Marins Campos, ainda não há consenso na literatura médica internacional sobre a definição de reganho e perda de peso insuficiente. Segundo ele, isto pode levar a uma grande variação dos índices, considerando os diversos fatores envolvidos no controle do peso do paciente em longo prazo. É importante ressaltar que os pacientes que apresentam adequado acompanhamento após a cirurgia alcançam resultados bastante positivos, havendo controle das doenças associadas.
Josemberg Campos afirma que quando o paciente não adota hábitos saudáveis, que foram orientados desde antes da operação, podem ocorrer problemas relacionados ao aumento do peso pós-cirúrgico. Segundo ele, para minimizar situações desse tipo deve ser ressaltado o importante papel do preparo e acompanhamento multidisciplinar nos resultados da cirurgia.Todos pacientes devem ser orientados antes do procedimento à necessidade de ajustes alimentares, suplementação e acompanhamento para evitar os problemas de absorção e carência nutricional. “O acompanhamento psicológico é muito importante para o sucesso da cirurgia e deve ser sempre preventivo e educativo.”
Segundo o médico goiano Áureo Ludovico de Paula, um dos criadores de uma técnica de redução do estômago, chamada gastrectomia vertical com interposição de íleo — à qual o apresentador de televisão Fausto Silva e o ex-senador Demóstenes Torres foram submetidos —, diz que o reganho de peso se dá por problemas relativos. Segundo ele, tão importante quando a cirurgia em si é a preparação psicológica do paciente. “Não se pode operar sem outros apoios, é necessário um elenco de coisas que deem resultados.”
Áureo Ludovico informa que recentemente participou de um congresso de Medicina em Londres e conta que as autoridades de saúde da Europa já consideram o problema da obesidade como questão de saúde pública. “A obesidade é uma realidade de nível mundial”, diz. Sobre a cirurgia bariátrica, lembra que seu resultado depende de vários fatores que, segundo ele, “há uma clara limitação, ou seja, a cirurgia em si, sem outros acompanhamentos, quase nunca alcança 100% de resultado.”
Avaliação psicológica é tão importante quanto o procedimento cirúrgico

Obesidade é um fator plural, não se trata apenas de dieta e exercícios físicos. Há casos não raros de pessoas que recorrem à cirurgia bariátrica por motivações puramente estéticas, em detrimento do quadro de saúde. Existem pacientes que aumentaram o próprio peso, propositalmente, apenas com o objetivo de estar dentro dos parâmetros necessários para que o SUS possa bancar o procedimento. Porém, quaisquer que sejam as motivações, o indivíduo que for para uma sala de cirurgia para reduzir o estômago precisa, primeiramente, condicionar-se psicologicamente, pois há um longo processo pela frente, que muitas vezes é de dor e perda.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Psicologia 9ª Região (CRP-09), Wadson Arantes Gomes, uma avaliação psicológica é fundamental para a análise de vários fatores que levam o paciente ao reganho de peso. Depois de ser operado é comum que o indivíduo entre em um difícil processo de adaptação. Porém, se ele não conseguir resolver os fatores alimentares, a probabilidade do reganho de massa corpórea é alto. “É importante fazer uma reflexão para o fato de que a cirurgia bariátrica está sendo requisitada mais por questão estética do que de saúde, e isso é preocupante”, diz.
Outra questão importante levantada por Wadson Arantes é em relação ao risco de novos comportamentos compulsivos adquiridos na ausência de um acompanhamento psicológico sistemático. Na maioria dos casos, segundo ele, esses distúrbios desembocam para o alcoolismo e até mesmo a compulsão por compras. Em um dos casos ele revela que o paciente desenvolveu pânico ao ter que ingerir folhas em sua dieta. “Não é raro os casos em que pacientes venham a desenvolver bulimia ou entram em um processo depressivo.”
Da mesma maneira em que há indivíduos que desenvolveram quadros depressivos após a cirurgia bariátrica, outros passam a rejeitar o próprio corpo. Wadson Arantes relata casos de pacientes que adquiriram o sentimento de não pertencimento ao próprio corpo. “A pessoa que foi obesa a vida inteira e tem concebida uma autoimagem, porém quando emagrece de forma abrupta passa a não se sentir como si próprio, daí a importância do tratamento psicológico”, conta.
Quem fez a cirurgia bariátrica, resistiu às recaídas e evitou o reganho de peso?
Uma coisa é certa: não é fácil o processo de emagrecimento por meio da cirurgia bariátrica. Para alcançar os resultados satisfatórios é preciso muita disciplina e força de vontade. O artefinalista Carlos Ricardo Vasques, de 49 anos, pai de duas filhas, chegou a pesar quase 200 quilos no ápice de sua obesidade. Após a cirurgia bariátrica, ele conseguiu chegar a 115 quilos. Contudo, ele passou por um perigoso período de relapso, em que sua dieta e estilo de vida foram desregrados voltando, assim, a ganhar peso.
Atualmente, após a advertência de familiares, médico endocrinologista, nutricionista e psicólogo, Carlos Ricardo voltou a reduzir seu peso e voltou a seguir uma disciplina diária de alimentação saudável e atividades físicas. “Minha psicóloga fala que quem foi obeso a vida toda sempre terá a cabeça de gordo, nunca de um magro. Sempre terei que ter cuidado”, diz.
Carlos Vasques relata que foram seis meses de preparação para que pudesse ser conduzido a uma sala de cirurgia. Somente depois do aval de nutricionista, psicólogo, cardiologista, pneumologista, endocrinologista e anestesista, após um período de um semestre de avaliação, é que pôde ser operado. “A pessoa deve tomar cuidado com o comodismo após a cirurgia, pois não se consegue controlar o peso. Nisso, o apoio da família é fundamental.”
Bem-sucedido empresarialmente e bastante conhecido entre a alta cúpula política do País, o presidente do PHS, Eduardo Machado, divide sua vida entre antes e depois da cirurgia de redução do estômago. “Eu me arrependo por não ter feito este procedimento antes”, revela. Ele que chegou a pesar 150 kg, hoje consegue subir na balança sem que o ponteiro exceda os 90 kg. O líder partidário conta que antes da cirurgia bariátrica, sua pressão sempre esteve entre 18 por 12, ou seja, sempre sujeito a sofrer um AVC. “Não tenho mais apneia, absolutamente nada de gordura nos fígados e minha pressão é normal sem nenhum auxílio de medicamentos”, conta.
A servidora pública Denise de Oliveira Resende Guarita, 31, teve que convencer primeiramente seus pais para que fosse encaminhada a sala de cirurgia. Ela foi orientada pelo médico, quando a balança apontava que estava com 150 kg. Em dezembro de 2012, enfim conseguiu fazer o procedimento e hoje está com 70 kg, graças a uma vida saudável com acompanhamento psicológico e de exercícios físicos diários na academia. “A cirurgia faz uma transformação muito grande na vida do paciente e precisa estar pronto para evitar o fracasso de voltar novamente a engordar”, diz.
Denise de Oliveira mantém um blog — cirurgiabariatricaeufiz.com — especializado em dicas para pessoas que pretendem, estão em processo ou já fizeram a cirurgia de redução do estômago. Ela afirma que o estilo de vida no qual a sociedade tem levado termina por condicionar as pessoas a se alimentarem erroneamente, principalmente de alimentos ricos em calorias, que viciam e que estão presente em quase tudo. “A obesidade é um problema psicológico com o qual lido até hoje. Não é porque me alimento corretamente e vou para academia que me considero livre dela.” (18/01/15)

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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação

 

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