Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 24 A 26/08/13 (PARTE 1)

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


O POPULAR

Saúde
Começa avaliação de estrangeiros que vão atuar no Mais Médicos
Começa nesta segunda-feira (26) o processo de avaliação e acolhimento de todos os médicos com diploma estrangeiro e sem revalidação que vão atuar por três anos em regiões carentes, como municípios do interior e periferias das grandes cidades, pelo Programa Mais Médicos. Até o fim do dia, todos os 644 profissionais previstos na primeira fase devem estar no Brasil.

A vinda dos profissionais foi um dos pontos mais polêmicos do Programa Mais Médicos, já que eles não vão precisar passar pelo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), que tem alto índice de reprovação e que é obrigatório para os médicos com diploma estrangeiro atuarem no Brasil. Para as entidades médicas, a não revalidação do diploma deixa a população sem garantia da qualidade dos profissionais. Em vários estados brasileiros, médicos foram às ruas nos últimos dias para protestar contra o programa.

Segundo a doutora em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lígia Bahia, que foi conselheira do Conselho Nacional de Saúde (CNS), há experiências internacionais que mostram haver maior incidência de erros em procedimentos médicos cometidos por estrangeiros. "Dispensar testes de habilitação pode ser uma medida emergencial e provisória. Para a população que vivencia uma verdadeira via crucis para obter atendimento, a possibilidade de ter um acesso facilitado é sempre positiva. No entanto, sem algum tipo de certificação de competência, haverá dúvidas sobre a qualidade da formação dos médicos que se candidatarem ao edital proposto pelo governo".

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no entanto, defende que as três semanas de ambientação, nas quais os profissionais estrangeiros terão aulas, em universidades públicas federais, sobre saúde pública, com foco na organização e funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e língua portuguesa, servirão também para os médicos serem avaliados pelas universidades brasileiras, "podendo inclusive ser reprovados".

As entidades médicas criticam ainda o tipo de vínculo, considerado por elas precário, que os profissionais estrangeiros que vierem ao país pelo Mais Médicos terão. Eles terão uma bolsa formação no valor de R$ 10 mil, sem contrato empregatício. “Eles pagam uma bolsa de estudo, mas esses profissionais vêm é trabalhar e não estudar”, disse o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira.

O Ministério da Saúde defende que a bolsa prevista consiste em uma “bolsa-formação”, uma forma de remuneração para a especialização na atenção básica, que será feita ao longo dos três anos de atuação no programa. Além disso, a pasta argumenta que os médicos vão ter que contribuir com a Previdência Social, para terem direito a licenças e outros benefícios.

Inicialmente, o programa, que foi lançado no começo de julho por medida provisória, só previa inscrições individuais, ou seja, o próprio médico se inscrevia. Porém, com esse modelo, o programa só preencheu 10% da demanda de 15.460 profissionais apresentada pelos municípios. Foi então que Padilha anunciou que buscaria convênios internacionais.

Paralelamente, o início da negociação para um acordo com o governo cubano já havia sido divulgado em maio, quando o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que 6 mil médicos vindos de Cuba atuariam nas regiões carentes do Brasil. Nessa ocasião, a medida foi duramente criticada pelas entidades médicas, que alegam que o curso de medicina em Cuba tem carga horária inferior à do Brasil, o que o tornaria semelhante a um curso técnico.

Na última quarta-feira (21), o governo anunciou um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que prevê a intermediação de convênios internacionais. O primeiro, assinado com Cuba, trará 4 mil médicos cubanos até o fim de 2013 para as regiões que não tiveram as vagas preenchidas por inscrições individuais no Mais Médicos.

As críticas quanto à vinda dos cubanos, por parte das entidades médicas, foram ainda mais contundentes. Um ponto que gera questionamentos é o fato de a bolsa de R$ 10 mil paga aos profissionais ser repassada ao governo da ilha, com a intermediação da Opas, para posterior pagamento aos médicos – o que, segundo as entidades, poderia levar os profissionais a receber valores abaixo do que é permitido pela lei brasileira. O secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes, disse, no entanto, que esses profissionais receberiam entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil.

Quando perguntado se seria correto um médico cubano ter a mesma carga horária de trabalho dos demais médicos, mas ganhar menos, Padilha disse que "essas situações acontecem em todo o mundo, nas mais de 50 parcerias que o Ministério da Saúde de Cuba faz no mundo inteiro". O ministro ressaltou a credibilidade da Opas e disse que as regras do acordo são respeitadas em todos os acordos feitos com o governo cubano.

Os 1.618 profissionais inscritos individualmente na primeira etapa do Mais Médicos vão atuar em 579 postos da rede pública, em cidades do interior do país e periferias de grandes centros. Desse total, 1.096 médicos têm diploma brasileiro e começam a trabalhar no dia 2 de setembro. Os de diploma estrangeiro começam a atuar no dia 16 de setembro. (26/08/13)
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Mais Médicos
Cubano critica infraestrutura
Fortaleza – O médico cubano Juan Hernandes, que desembarcou em Fortaleza na tarde de ontem para participar do programa Mais Médicos, disse que o governo brasileiro precisa melhorar a infraestrutura nos hospitais de municípios do interior. “O governo vai ajudar, o governo tem que ajudar”, afirmou, quando questionado sobre a falta de recursos e equipamentos em hospitais da rede pública de saúde.
Um dos argumentos dos médicos que se opõem a vinda de estrangeiros ao país é que o problema não é falta de profissionais, mas de infraestrutura de atendimento em cidades do interior. Na tarde de ontem, desembarcaram em Fortaleza 79 médicos cubanos. Eles foram recepcionados no Aeroporto Internacional Pinto Martins por manifestantes e representantes de movimentos sociais e entidades sindicais, que traziam cartazes em apoio à vinda dos profissionais da saúde.
Hernandes afirmou que os profissionais de Cuba estão acostumados a fornecer assistência básica em locais com poucas condições de saúde. “A maioria dos nossos médicos já fez mais de três missões”, disse.
Ele mesmo já trabalhou em regiões pobres da Bolívia e Venezuela. Quando questionado sobre o salário que receberá, o médico disse que quer “apenas o suficiente para sobreviver” .
Os R$ 10 mil mensais da bolsa do programa não serão repassados diretamente aos médicos, mas ao governo cubano, que fará a distribuição. A gestão Dilma diz que, em outras parcerias, Cuba costuma repassar de 25% a 40% do total –que, no Brasil, seria de R$ 2.500 a R$ 4.000.
Hernandes disse que vai sentir falta da família durante o tempo que permanecerá aqui, mas que veio motivado pelo desejo de ajudar outras pessoas.
ESTRUTURA
Luiz Odorico Monteiro, secretário de gestão estratégica e participativa do Ministério da Saúde, apresentou os médicos à imprensa e disse que as iniciativas do governo federal para a saúde vão além da contratação de profissionais de outros países. “São 6000 unidades de saúde sendo construídas e mais 11 mil sendo reformadas”, disse o secretário. Ele ressaltou que o governo deu preferência à contratação de profissionais brasileiros. Os cubanos serão enviados para 701 municípios que não foram selecionados por médicos brasileiros e estrangeiros na primeira fase do programa.
Aos gritos de “é com saúde que se constrói um Brasil novo”, manifestantes presentes no aeroporto batiam palmas e elogiavam a saúde cubana. O bancário Túlio Menezes afirmou que o programa vem para preencher uma lacuna, que é a falta de profissionais de saúde no interior.
Os médicos deixaram o aeroporto em direção a um alojamento do Exército. Amanhã, às 8h, terá início a primeira aula do programa, que vai durar três semanas, com o objetivo de selecionar os médicos aptos a exercer a profissão no Brasil. Aqueles que não forem aprovados vão retornar para Cuba. (26/08/13)
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Cartas dos Leitores
Importação de médicos
De que adianta brasileiro protestar como um leão se ele vota como uma mula e vive como um cordeiro? Paranoia nossa/minha? O tempo dirá e parece que não vamos precisar esperar muito. Viva o Partido dos Trabalhadores, que criou o subemprego federal sem direitos trabalhistas, com direito a importação de profissionais se os brasileiros não concordarem em trabalhar.
Logo teremos mais escriturários, mais recepcionistas, mais faxineiros… Está explicado, agora toda vez que houver uma manifestação popular, uma greve, o governo lança um programa “mais alguma coisa” e o cidadão fica com o prejuízo. Acorda, Brasil, logo sua categoria profissional vai ser alvo também.
Lembra aquela dos nazistas: primeiro buscaram os médicos, como eu não era médico, não protestei, agora os engenheiros, como eu não era engenheiro, não protestei. Agora querem os professores, como eu não era professor, eu não protestei. E a próxima profissão, será qual? Advogados, odontólogos… e as prefeituras (prefeitos, vereadores) descobriram o caminho e querem tudo de graça. Que tal: quando quiserem operador de microcomputador só com segundo grau profissionalizante, talvez a sociedade se mobilize e dê um basta, só talvez. Quem sabe com todo mundo sem direitos trabalhistas acaba o problema da previdência social, que fechará por falta de segurados.
Sebastião Leão

■ Num país onde a democracia já se encontra devidamente consolidada, sem sombra de dúvida, é o princípio da dignidade humana que norteia as ações. Não se admite que o nosso País, a pretexto de levar assistência médica aos menos favorecidos, possa desrespeitar o referido princípio. O governo vai pagar a Cuba pelo trabalho dos médicos que vão atuar nas regiões mais pobres. É sabido que Cuba não repassará aos referidos profissionais o que vai receber do Brasil. Isso é trabalho escravo! Isso é tirar proveito da desgraça daqueles que ainda não conquistaram a liberdade!
Virmondes Vieira Machado – Goiânia – GO (26/08/13)
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Pressão boa
O ano de 2013 começou com os fiscais do Inmetro em Goiás visitando hospitais e unidades de saúde para verificar as condições de uso de balanças no âmbito hospitalar e medidores de pressão. Aliás, sabem o nome pomposo desses aparelhos? Esfigmomanômetro. No caso de equipamentos reprovados, o hospital ou clínica deverá encaminhá-los a uma oficina credenciada pelo Inmetro para conserto. Muitas vezes nem o próprio médico sabe que o seu aparelho apresenta defeito, prejudicando o diagnóstico do paciente. Vistorias são feitas sem aviso prévio. (25/08/13)
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Mais Médicos
“Fazemos por amor”, diz cubano
Recife – “Somos médicos por vocação, não nos interessa um salário, fazemos por amor”, afirmou Nelson Rodrigues, 45 anos. “Nossa motivação é a solidariedade”, assegurou Milagros Cardenas Lopes, 61. As afirmações foram feitas pelos primeiros médicos cubanos a desembarcarem em solo brasileiro, em entrevista, na tarde ontem, no Aeroporto dos Guararapes, no Recife, em resposta aos questionamentos dos jornalistas sobre a informação de que os profissionais, contratados por meio de convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), só irão receber um porcentual de 25% a 40% do salário de R$ 10 mil a ser pago pelo governo brasileiro.
“Viemos para ajudar, colaborar, complementar com os médicos brasileiros”, destacou Cardenas em resposta à suspeita de trabalho escravo. “O salário é suficiente”, complementou Natasha Romero Sanches, 44.
Eles integram o grupo de 30 profissionais que ficaram neste sábado no Recife. Saíram de Havana em um voo fretado, que trouxe os primeiros 200 médicos cubanos para trabalhar nos 701 municípios que não despertaram interesse de nenhum médico do Programa “Mais Médicos”. De acordo com o representante do Ministério da Saúde, Mozart Sales, que os recebeu, este número pode chegar a quatro mil até dezembro.
Na entrevista, realizada com quatro dos médicos, eles informaram que todos são especialistas em saúde da família e têm experiência de ajuda em outros países. Citaram Haiti, Venezuela, Paquistão, Guatemala e Honduras. Disseram que o curso de graduação de Medicina em Cuba é de seis anos e destacaram que em Cuba eles têm tudo garantido – saúde e educação. “Nossas famílias estão seguras, com o necessário para viver”, disse Natasha Sanchez.
Os profissionais vieram em número de 200, em voo fretado da empresa área “Cubana”. Trinta ficaram em Pernambuco e vão se juntar aos outros médicos estrangeiros. (25/08/13)
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Saúde
Vírus que ataca no tempo seco preocupa pediatras
Apesar de atingir pessoas de todas as idades, infecções são mais graves em bebês prematuros ou com cardiopatias e problemas pulmonares
Camila Bluemenschein

Causador de graves infecções respiratórias em bebês prematuros ou que têm cardiopatias e problemas pulmonares em seus primeiros anos de vida, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é motivo de preocupação para médicos pediatras, pois é um vírus que circula no Brasil nesta época do ano. Em crianças sadias e adultos, a infecção por VSR pode causar sintomas semelhantes aos de um resfriado forte. Já em bebês prematuros e que apresentam os fatores de risco, o surgimento de uma infecção pode levar à morte.
Conforme o médico pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, o VSR é sazonal e circula no Brasil de março a setembro. “Nessa época do ano é preciso ter cuidado com o vírus, que apesar de acometer pessoas de todas as idades, é mais grave quando causa infecções em bebês em seus primeiros meses de vida.”
A trasmissão do vírus, segundo o médico, ocorre pelo ar e pelo manuseio de objetos contaminados. “A melhor forma de prevenir o vírus em crianças que nasceram prematuras, com cardiopatias ou problemas pulmonares, é a imunização, que evita o desenvolvimento de formas graves da doença. É feita a aplicação de um anticorpo monoclonal na criança nos meses de maior circulação do vírus.”
De acordo com o médico, a imunização não é uma vacina. A aplicação da medicação faz parte do calendário de imunizações de prematuros, recomendado pela Sociedade Brasileira de Imunizações. “A imunização para bebês com os fatores de risco foi aprovada e licenciada pelo governo federal e deve estar disponível gratuitamente nos postos de saúde a partir do ano que vem”, diz. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde, não há previsão de quando o medicamento estará disponível na rede pública em Goiás. Por enquanto ele pode ser encontrado em clínicas particulares.
Medidas preventivas simples, como lavar bem as mãos antes de trocar o bebê e higienizar os objetos da criança também são importantes para a prevenção. Renato Kfouri, não há tratamento para casos de infecções graves em bebês com os fatores de risco. A cura ocorre de maneira espontânea e a medida tomada pelos médicos é a internação e o tratamento de suporte. (25/08/13)
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Artigo – Histórias para serem contadas

Recentemente fomos convidados para a inauguração da galeria de fotos dos ex-diretores do Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT). A história do HDT remonta aos idos dos anos 50, quando da existência do antigo Hospital do Pênfigo, localizado no Setor Aeroporto em Goiânia, em uma casa humilde mas de valor sócio-científico enorme, já que muitas vidas foram poupadas pela sua existência.
O pênfigo, uma doença dermatológica conhecida vulgarmente como fogo selvagem, grassava endemicamente não só no Estado de Goiás, que incluía à época o atual Estado do Tocantins, mas em toda a Região Centro-Oeste. Entre muitos abnegados profissionais, estava a figura do meu pai, dr. Anuar Auad, que dirigia aquela casa de saúde. Tive pessoalmente, e nos recônditos de minha infância, oportunidade de ver chegarem pacientes penfigosos de todo o Estado e de outras regiões do País, enrolados em folhas de bananeiras, nus, já que o contato de suas peles com tecidos fazia com que as mesmas ficassem grudadas e, quando removidas, na carne viva, causando dores insuportáveis, à semelhança de queimaduras, daí o uso de folhagens.
O passo seguinte no antigo Hospital do Pênfigo era a imersão desses pacientes em grandes tanques de cimento com plantas medicinais, para mitigar o sofrimento dos mesmos, já que os recursos tecnológicos eram escassos, diferentes dos de hoje com o advento da evolução farmacêutica e médica. Posteriormente o antigo Hospital do Pênfigo foi fundido ao Hospital Osvaldo Cruz, nome de um dos nossos maiores médicos, e na época cuidava dos pacientes com doenças infectocontagiosas, dando origem ao hoje HDT Dr. Anuar Auad.
O tempo passou e, hoje, culmina com essa inauguração de fotos de vultos dos mais importantes da medicina goiana, e quiçá brasileira, que são motivo de orgulho para todos nós, responsáveis pela cura e alívio de muitos brasileiros que sobreviveram graças ao trabalho quase sacerdotal desses profissionais, inclusive, do meu próprio pai.
Quando olhamos para a história desses médicos abnegados e vemos a situação de 377 mil médicos e médicas brasileiros, que até a presente data não têm sua profissão reconhecida, já que o projeto de lei do Ato Médico foi ferido de morte pelas mãos presidenciais, através de veto, depois de 11 anos de luta pela sua aprovação no Congresso Nacional; quando através da MP 621, chamada de Mais Médicos, subentende-se que essa população médica existente no País não é capaz de atender a nossa população, temos de fazer uma reflexão muito séria se essa luta de todos esses profissionais do porte de Anuares Auads, de Jofres Marcondes, de Franciscos Ludovicos, de Geraldos Pedras, de Eduardos Jacobsons, de Luises e Anises Rassis, de Samires Helous, entre inúmeros outros, só para citar alguns efetivamente, valeu a pena.
É a pergunta que não quer se calar.

Adriano Alfredo Brocos Auad é vice-presidente do Conselho Regional de Medicinal do Estado de Goiás
(25/08/13)
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Saúde
Estrangeiros começam a chegar
Eles vieram de Portugal, Argentina e Espanha e terão treinamento. Cubanos começam a desembarcar hoje
Rio – Dos 244 profissionais do programa Mais Médicos que chegam do exterior ao Brasil até hoje, 47 (brasileiros radicados fora e estrangeiros vindo trabalhar aqui) serão treinados no Estado do Rio. Ontem, 16 deles desembarcaram no Aeroporto do Galeão à tarde, entre eles portugueses em busca de desafios na carreira e goianos com saudades de casa.
Aos 70 anos, o clínico geral Miguel Alpuim já estava aposentado em Portugal havia seis anos. Quando soube da oportunidade, inscreveu-se logo, e escolheu Santa Catarina por não gostar de calor. “Em Portugal não se pode trabalhar com a minha idade. Mas não me sinto com 70 anos. Acho R$ 10 mil (valor da bolsa do governo federal) justo.” Também português, João Pinto, de 28, que será mandado para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, garantiu que não terá dificuldade de entender o sotaque brasileiro, pois cumpriu parte da graduação na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Será uma experiência profissional muito boa.”
Brasileiros formados e radicados na Argentina, em Portugal e na Espanha vêm animados com a perspectiva de ficar perto da família e de, enfim, praticar medicina em seu País. “Vou ganhar metade do que ganhava na Portugal, mas dinheiro não é tudo. Vim com a intenção de ficar”, afirmou o goiano Geslei Teodoro, que estará lotado na cidade de Bela Vista, a 420 quilômetros de sua cidade natal, Mineiros.
“Estou fora do Brasil há 20 anos. Os médicos brasileiros não têm por que ter medo, pois fiz cinco anos de pediatria. Quando os brasileiros chegam a Portugal, somos preceptores deles, então não tem de ter problema aqui”, ressaltou o também goiano Marcio Moura, de 37, que vai para Pirenópolis.
Para “proteger a população de falsos médicos”, a Associação Médica Brasileira (AMB) entrou ontem, com ação direta de inconstitucionalidade (ADI) para tentar suspender o Mais Médicos. O governo federal não se pronunciou sobre a ADI, mas o Ministério da Saúde ainda teve de vir a público para explicar que os médicos cubanos trazidos por convênio seguirão a lei e a ética brasileiras e os acertos trabalhistas da ilha.
A nova disputa entre a classe médica e o governo chega ao STF antes mesmo de passar pelo Congresso. A ideia é barrar o programa agora, desde o início, uma vez que hoje já começaram a chegar os primeiros interessados do exterior. Além disso, neste fim de semana chegam ao País os primeiros dos 4 mil cubanos que atenderão cidades não atingidas no Mais Médicos.
Após uma série de críticas da oposição, de entidades médicas e do Ministério Público, ontem o MS informou que, apesar de trabalharem no Brasil, os cubanos estarão sujeitos às leis trabalhistas do seu país. De acordo com o ministro Alexandre Padilha, seguirão as normas éticas e os códigos penais e civis brasileiros, mas apenas isso.

Brazabrantes vai receber profissional de Cuba
Janda Nayara
Ignorado pelas escolhas de brasileiros e estrangeiros na primeira fase do Programa Mais Médicos, Brazabrantes, a 42 quilômetros de Goiânia, está na lista dos 701 municípios que devem receber os 4 mil médicos cubanos, contratados em um acordo de cooperação entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e o Ministério da Saúde (MS).
Mesmo sem nenhum médico morando na cidade, a secretária Municipal de Saúde de Brazabrantes garante que o atendimento na cidade já melhorou com o Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (Provab), e vê na possível chegada de um médico estrangeiro a oportunidade de completar o seu quadro, que está sem atendimentos de rotina às sextas-feiras. “Hoje, só não temos médico para o atendimento eletivo na sexta-feira, mas com certeza isso será resolvido com a chegada de mais um profissional. Todo reforço é bem-vindo”, afirma.
Para Darilza, a dificuldade do municípios também está em atrair outros profissionais de saúde. “O problema não é só médico. Faltam enfermeiros, biomédicos e outros profissionais da saúde.”
Segundo o Censo de 2010, o município tem 3.232 habitantes, mas segundo a administração da cidade, o número é bem maior e supera os 5 mil se contabilizados a zona rural e os povoados. O povoado de Deuslândia, por exemplo, tem mais de mil habitantes e já ganhou até uma unidade de saúde da família, onde um dos médicos de Brazabrantes atende uma vez por semana.
Na lista dos municípios que não apareceram nas opções escolhidas pelos médicos da primeira fase do programa federal, Mimoso de Goiás, na Região Norte do Estado, pode não receber nenhum cubano, já que procurada pela reportagem do POPULAR, a prefeita da cidade, Rosana Balestra Pereira da Silva, garantiu que não inscreveu o município no programa, por não considerá-lo uma solução para os problemas da saúde pública.
“Tem um equívoco nesta lista do Ministério da Saúde. Não aderimos porque não acreditamos que a relação entre médicos estrangeiros e pacientes, principalmente em cidades com baixa instrução, seria falha”, justifica.
Rosana afirma que há uma carência no atendimento médico no município, mas que os investimentos do governo federal poderiam ser em estrutura física, aumentando o repasse. “Assim, daríamos mais condições de trabalho e atrairíamos os profissionais”.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, a presença de municípios que não se inscreveram na lista de não escolhidos tem acontecido, mas não confirmou o cadastro de Mimoso .
OS MUNICÍPIOS DAS REGIÕES NORTE E NORDESTE TERÃO PRIORIDADE PARA RECEBER OS PRIMEIROS MÉDICOS CUBANOS. 22 CIDADES JÁ RECEBERÃO OS NOVOS PROFISSIONAIS DA OPAS.

Prefeitura entrega unidade para atendimento psicossocial
Pedro Palazzo

O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Noroeste, inaugurado ontem pela Prefeitura de Goiânia, no Jardim Liberdade, passará pelo menos três meses funcionando parcialmente. A unidade foi projetada para funcionar 24 horas, com 12 leitos onde pacientes poderiam passar a noite, mas ainda não tem funcionários suficientes e capacitados para o serviço. O prefeito Paulo Garcia e a ministra Ideli Salvati, das Relações Institucionais, participaram da inauguração.
O Caps tem foco em saúde mental, com duas linhas de atuação: uma voltada para combate a doenças como alcoolismo e vício em drogas e outra para enfermidades como esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. O Ministério da Saúde (MS) informa que os serviços oferecidos neste tipo de unidade devem ser substitutivos e não, complementares ao hospital psiquiátrico. A ideia é evitar a internação do paciente.
O prefeito Paulo Garcia falou sobre a entrega de outro Caps, no Jardim Novo Mundo. A inauguração está prevista para 5 de setembro. “Está praticamente pronto. Se não for inaugurado na quinta, será na outra semana”, afirmou em discurso para cerca de 70 pessoas, entre eles pacientes de saúde mental que pediam melhorias no sistema de atendimento.
Coordenador da Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Sérgio Nunes, afirma que nos primeiros três meses serão atendidos de 40 a 60 pacientes por turno (manhã e tarde). “Iremos funcionar a princípio só nos dias de semana, de 8 horas às 18 horas.” Ele estima que em três meses a unidade possa funcionar 24 horas, com possibilidade de os pacientes vinculados ao Caps passarem a noite.
A unidade custou ao Tesouro municipal R$ 2.431.749,34 e tem área construída de 1.989 metros quadrados. A SMS informa que esta é a oitava unidade do tipo construída na capital. Todos que procurarem a o Caps Noroeste serão atendidos – a chamada “porta aberta” -, embora o foco seja em moradores da região, entre as mais populosas e carentes da cidade.

Ministra reafirma propósito de programa
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, afirma que o baixo preenchimento das vagas abertas pelo Programa Mais Médicos (apenas 15% da demanda) é “prova efetiva de que os médicos brasileiros não são nem em número suficiente nem com disposição para ir a todos os lugares.” Ela afirma que é preciso buscar “aonde for para que não falte médicos para a população”.
Estava prevista a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra do Planejamento, Gestão e Orçamento, Miriam Belchior, mas ambos não vieram. O subchefe de Assuntos Federativos, Olavo Noleto, afirma que a vinda foi cancelada porque Padilha foi convocado pela presidente Dilma Rousseff para reunião de emergência na qual seriam discutidos assuntos relacionados ao Programa Mais Médicos.
A divulgação de que o governo cubano ficará com 75% do dinheiro pago pelo trabalho dos médicos daquele país provocou polêmica. Os cubanos não receberão o salário integral de R$ 10 mil, mas uma parte – entre R$ 2,4 mil e R$ 4 mil. Ideli Salvati afirmou ontem ter convicção de que o governo federal “vai equacionar este problema e fazer todos os esclarecimentos necessários”.
Por causa dessa situação de contratação diferente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) informou ontem que deve abrir uma ação contra a vinda os cubanos, cuja contratação feriria a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Prefeitos participam de reunião

Secretários e prefeitos de 22 cidades goianas que irão receber os médicos inscritos na primeira fase do Programa Mais Médicos participaram ontem de reunião organizada pelo Ministério da Saúde, no Centro de Convenções de Goiânia. Goiás receberá 79 médicos pelo programa, sendo 79 brasileiros e 17 com registro profissional de fora do País, que atuarão, por três anos, nas unidades básicas de saúde, recebendo bolsa mensal de R$ 10 mil custeada pelo Ministério da Saúde. Os municípios ficarão responsáveis pelo custeio da moradia e da alimentação dos profissionais ao longo dos três anos de atuação. Os municípios também não poderão substituir os médicos que atuam na Atenção Básica local. (24/08/13)
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Goiânia quer regionalização da saúde

A Prefeitura de Goiânia entrega à população da capital o 8º Centro de Atenção Psicossocial, o Caps Noroeste. Trata-se de uma unidade dupla, dos tipos 3 e AD, para atendimento de pacientes com transtornos mentais 24 horas por dia e dependentes de álcool e drogas. Esta região já conta com a Maternidade Nascer Cidadão e terá também uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA Noroeste), já com as obras iniciadas.
A Secretaria de Saúde de Goiânia tem se esforçado muito para melhorar o atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e lançou, recentemente, o Programa Mais Trabalho, Mais Saúde. O Caps Noroeste e mais uma nova sede do Caps no Jardim Novo Mundo fazem parte deste programa. O Mais Trabalho, Mais Saúde contém uma série de ações, serviços, obras e medidas para qualificar e melhorar o nosso atendimento.
Nem todos sabem, mas o atendimento de saúde da capital não se resume à população goianiense. Goiânia atende todos os 245 municípios goianos e vários municípios de outros Estados. A disparidade é tamanha que em seu cadastro de usuários do SUS, o banco de dados da saúde tem 4,5 milhões de pessoas registradas como goianienses. A falsificação de endereço é uma forma que os pacientes encontraram para receber cuidados de saúde na capital, que é referência em todo o Centro-Norte brasileiro. Isso não é necessário. Goiânia não fecha as portas nem dificulta o acesso de ninguém.
Como os indicadores e atendimentos só vêm melhorando a cada dia, esse êxodo só aumenta e a capital sofre com a sobrecarga crescente em sua rede. É por isso que apoiamos a iniciativa do secretário Antonio Faleiros em criar o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) nos polos regionais. Trata-se de um antigo anseio de Goiânia e, com certeza, todas as capitais do País torcem para que outros Estados façam o mesmo. É importante ressalvar que ainda falta o reforço hospitalar nos polos regionais. Assim, junto com o AME garantiriam também cirurgias e internações.
A Secretaria de Saúde de Goiânia faz sinceros votos de que a proposta do governo estadual seja bem-sucedida, pois dela depende a vida de milhares de pessoas que buscam atendimento em Goiânia. Que este seja o primeiro e concreto passo para fixar o profissional médico no interior do Estado, com plano de carreira e condições de trabalho adequados. Essa é uma luta e um anseio comum das Secretarias de Goiás e de Goiânia.
Enquanto a propostas dos AMES e dos hospitais regionais se concretizam, Goiânia vai continuar neste esforço coletivo de atender a todos que aqui chegam.
Fernando Machado é secretário de – Saúde de Goiânia (24/08/13)
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JORNAL OPÇÃO

Ao inaugurar Caps, Paulo Garcia afirma que Goiânia possui quantidade suficiente de leitos
O petista explica que os leitos se mantêm lotados pelo fato de atender não só à população da capital, como também de todo o Estado. “Os pacientes não têm outra saída a não ser sair de suas cidades e virem se tratar aqui”
Sarah Teófilo
Foi inaugurado  pelo prefeito Paulo Garcia (PT), na tarde desta sexta-feira (23/8), o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da região noroeste, no Jardim Liberdade. No Caps, vão operar duas unidades, sendo a primeira (Caps AD) de atendimento a usuários de drogas, que passa a funcionar imediatamente, e a segunda (Caps tipo 3), que fará atendimento a pessoas com transtornos mentais, e será implantada gradativamente.

O prefeito tem falado, constantemente, do problema da saúde ser causado pelo fato de pessoas de outros municípios virem se tratar na capital. Em entrevista coletiva no Caps, Paulo Garcia abordou novamente o problema de superlotação. “Elas não têm outra saída a não ser sair de suas cidades e virem se tratar aqui.” Segundo ele, a Secretaria Municipal de Saúde tem registrado 6 milhões de pacientes, e dessa quantia, somente 1,5 milhão declara não ser morador de Goiânia. “Portanto, pelo cadastro da prefeitura, o IBGE está errado. A população de Goiânia não é de 1,5 milhão de habitantes, ela é de 4,5 milhões”, ironiza.

Ao ser questionado se criticava a ação do Estado por causa de uma rivalidade, o petista expôs que seu intuito não é disputa político-partidário, ou de criar atrito. "É visível que pessoas de outros municípios vêm procurar bem estar e a solução para seus problemas de saúde. E eu vou atender todas essas pessoas”, completa.

De acordo com o petista, Goiânia possui 348 Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), mas que pela portaria ministerial, a capital só precisaria de 130 leitos. “Nós temos três vezes mais que a nossa necessidade, mas diariamente é constatado falta de leito. Isso acontece porque pessoas do interior vêm se tratar aqui”, sentenciou.  Então ele pontuou novamente que esta não é uma questão de disputa, mas sim de “equacionar a realidade do Estado de Goiás".
Manifestações
Em frente ao palco destinado aos discursos, os populares organizaram uma manifestação pacífica. Várias placas com os dizeres “Acelera Reforma Popular” e “Saúde mental – respeito total” foram levantadas por diversos moradores da região e pacientes.  O prefeito em seu discurso afirmou: “Vocês têm o direito de reivindicar e nós a obrigação de atender.”
William Mendes, 48 anos, é dependente de crack e álcool há dois anos, e também é paciente do Caps Casa. Segundo ele, um problema no Centro de Atenção é a falta de lanche, que causa a desistência de muitos frequentadores. “Muita gente vai de longe fazer o atendimento. Alguns amigos meus, por exemplo, falam que não vão porque chegam lá e não tem o que comer”, explica.

Elogios à Dilma

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, compareceu à inauguração, e rendeu elogios à presidente Dilma Rousseff (PT). Ideli fala sobre o debate em pauta, que é a questão de profissionais da medicina. “A presidente está obstinada a contratar mais médicos, porque sem eles, não adianta uma boa estrutura.”  Ela pontua que os médicos brasileiros não querem ir para cidades do interior, e que este é um direito deles. “Dilma é a que mais sofre com essas questões, pois ela é mãe, avó e mulher. E mãe é sempre quem mais sofre com problemas dentro de casa”, completou.

O Centro de Atenção Psicossocial

Segundo o coordenador da Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Sérgio Nunes, a promessa é que o Caps da região noroeste funcione todos os dias, inclusive aos sábados, domingos e feriados, e esteja operando em sua totalidade em três meses. “É necessário, em um primeiro momento, capacitar a equipe de trabalho”, afirma.

O coordenador explica que o Caps tipo 3, para atendimento de pessoas com transtornos mentais, conta com 12 leitos de acolhimento noturno e capacidade para atender de 40 a 60 pessoas por turno. O usuário cadastrado pode também ser internado, em caso de necessidade. “Para criação do vínculo, basta que o interessado ou a família procure a unidade.” (25/08/13)
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DIÁRIO DA MANHÃ

“Seguir a lei ou salvar uma vida?”

Ex-secretário de Saúde Elias Rassi afirma que acusação de corrupção é infundada e critica lógica de licitação do Estado
O ex-secretário de Saúde de Goiânia e professor da Universidade Federal de Goiás. Elias Rasse, se defendeu, hoje, da denúncia do Ministério Público Estadual (MP-GO). “Todos que foram secretários da Saúde até hoje foram processados, eu era o último que restava”, conta. “Acho que é importante ir atrás da corrupção, melhorar o País, mas o Estado trata a todos como suspeitos, automaticamente. Quer dizer que todos os secretários são corruptos?”. Um momento de silêncio depois, lembra-se de quando teve seu primeiro contato com o Gaeco: “o primeiro caso em que fui acusado de conduta irregular foi há anos atrás. Policiais entraram armados na Secretaria (de Saúde) atrás de documentos envolvendo a crise do Araújo Jorge, em 2009 e 2010, documentos que eu já havia entregado um mês antes, mas que o juiz disse que não. O caso terminou numa retratação por parte do Gaeco”, declara, “e agora também vai acabar assim”, aposta. “Terão que se retratar novamente”, repete.
O peito aberto com o qual Rassi se prepara para enfrentar a situação não é de primeira viagem; depois de ter sofrido dois  infartos, durante sua administração, o ex-secretário afirma que aprendeu diversos modos de desviar verbas, mas que nunca teve interesse no roubo, e sim na manutenção do caótico sistema de saúde público. “Assumi a Secretaria de Saúde em uma profunda crise de funcionamento. As inúmeras matérias publicadas nos jornais são testemunhas. Dentre as causas das crises, uma se destacava – a falta de materiais (luvas, medicamentos, etc.). A Santa Casa, embora privada, é uma parceira prioritária, inclusive com previsão constitucional. Na renovação de seu contrato, previmos um valor inferior a 2 % (R$ 900 mil) do valor total (R$ 48.876.745,20) para apoiar projetos de ensino e serviços, valor esse inferior a 0,1% das despesas da Secretaria de Saúde e gasto no processo chamado pelo MP de desvio, na verdade usado para socorrer parceiros, como o Hospital das Clínicas ou o Hugo”, esclarece.
Continua: “a matéria do MP me envolve numa acusação de desvio, referindo-se à licitações feitas de maneira emergencial, mas até hoje não recebi  a denúncia formal, não há algo sólido que indique que houve corrupção, e sim movimentação considerada estranha pela burocracia do Estado, mas já prevista na cláusula contratual”, rebate. Também afirma que, caso fosse um esquema ilegal, seria possível ter controle dos produtos desviados: “esse contrato foi aprovado pelas instâncias devidas (Controladoria do Município e Tribunal de Contas) e publicado no Diário Oficial do Município, fora o controle de estoque, de entrada do almoxarifado, da equipe responsável, da entrada nas unidades menores; é fácil comprovar esse tipo de situação, pois deixa muitos rastros. Nenhum medicamento foi desviado ou deixou de passar pelo controle desses inúmeros setores da Secretaria de Saúde. Todos alcançaram seu objetivo, ou seja: estarem disponíveis para os pacientes serem atendidos”, afirma o ex-secretário.
Inimigos íntimos
Cabe à Justiça e não à mídia determinar a culpabilidade ou não dos envolvidos no caso, mas, acima do caso em específico, é de vital importância notar atenção à crítica que Rassi lança à burocracia das licitações. “É necessário que haja uma mudança nas lógicas de compra, na comissão responsável pelas licitações. Em meu mandato, estabelecemos um grupo específico para o problema, e processos que antes duravam 2 anos passaram a ser realizados em 4 meses, através de leilões eletrônicos onde grupos de todo o País podiam participar”, explica Rassi. “É uma área cartelizada, a das licitações. Apenas alguns poucos ‘fornecedores’ que não conseguiam se utilizar dessa forma de pressão para chantagear a administração pública e elevar os seus preços criticavam a estratégia de buscar apoio nos parceiros”, defende, aludindo à ajuda mútua que a Santa Casa, o Hugo, o Hospital das Clínicas, o Araújo Jorge e outras unidades de tratamento da cidade concordaram em realizar.
Rassi ainda afirma que há uma “visão de mundo” que distancia político, população e agentes de investigação, como o Gaeco: “o MP-Gaeco sequer solicitou informações e/ou documentos que descortinassem esse cenário. Nunca, nesses dois anos em que estive como secretário de saúde de Goiânia, procuraram a administração pública para auxiliar a solucionar essas dificuldades. Sempre nos trataram como suspeitos, seja lá do que for. E houve inúmeras oportunidades para ajudar, não ao secretário, mas para ajudar a população que paga os seus polpudos salários e que precisa de unidades de saúde abastecidas adequadamente”, aponta, criticando também o fato do Gaeco ter chamado-o para uma conversa, dois dias antes da acusação, que para Rassi foi “inútil”. A repercussão na mídia, para ele, cria uma “crise com uma cara dramática”, em que o funcionamento de hospitais – e a manutenção de vidas humanas – fica presa entre a necessidade de comprar produtos e a lerdeza que envolve as licitações públicas. “Vivemos em dilema, todos os dias, mas é preciso tomar decisões. Não se faz Saúde na teoria. O Gaeco, por exemplo, deveria ter maior participação no dia a dia da administração de hospitais públicos. Deveriam passar uma semana sentados com o secretário e acompanhar sua rotina, pararem de buscar o que está no papel, nos carimbos, e entender a realidade em que trabalhamos. A Medicina não é positivista, não é conceitual; é preciso suprir necessidades urgentes com o que se tem, e não houve ilegalidade nenhuma em minhas ações, que estavam previstas em contrato. Ainda que não estivessem, o que é mais importante: seguir a lei ou salvar a vida de um paciente?”, questiona.
O Ministério Público denunciou nessa quarta-feira (21), quatro envolvidos em desvio de verbas na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. São eles: Elias Rassi Neto (ex-secretário municipal de Saúde), Sérgio Antônio Machado (ex-diretor do hospital), Sérgio Norio Nakamura (ex-assessor de planejamento do local e da Secretaria Municipal de Saúde) e Jader Silva Cabral (ex-supervisor financeiro).
Enquanto o último é processado por “apropriação indébita”, tendo supostamente se apropriado de aproximadamente R$167 mil através de seu cargo, os três outros são indiciados por manipulação de licitações do local. De acordo com o promotor do MP Denis Bimbati, é “lamentável o uso de instituições de saúde para a prática de crimes”, que para ele deveriam ser punidos de forma mais severa do que apenas com detenção – opinião essa apoiada por diversos brasileiros e citada constantemente nas passeatas de 2013, que sugeriram diversas vezes que a corrupção se tornasse crime hediondo. 
Para justificar a saída de capital, Cabral costumava criar estornos falsos e cancelar notas fiscais, devolvendo o dinheiro a supostos pacientes particulares, sobre os quais não se tem registro. Já Nakamura organizou a compra de materiais hospitalares, orçada em R$ 900 mil, sem processo de licitação.
Gaeco em ação
O Ministério Público goiano anda atribulado ultimamente; dois ex-presidentes da Comurg são processados por improbidades, assim como o prefeito Paulo Garcia. Quinze nomes, entre pessoas do alto escalão do Ipasgo, Secult, Agecom, Sefaz, Segplan, AGR, Detran e até mesmo UEG, foram deflagrados ao tentar utilizar R$ 500 mil em verbas públicas para viajar até a França por duas semanas. A diretora do Araújo Jorge, condenada também pelo abandono da cápsula de Césio 137, é novamente envolvida num esquema de corrupção, desviando milhões num caso conhecido pelo codinome de “Biópsia”. A maior parte dessas denúncias foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, que agora denuncia os quatro indiciados citados. (24/08/13)
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CONTINUA…

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